A saída de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações deve reacender os debates sobre a reforma ministerial no Palácio do Planalto. Essa é a avaliação de interlocutores de Lula (PT) e de deputados, que cobram agilidade nas mudanças.
Juscelino Filho deve deixar o cargo nos próximos dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar uma denúncia por corrupção após suspeitas de desvio de emendas e favorecimento em obras na cidade de Vitorino Freire (MA), comandada por sua irmã.
O buraco na pasta das Comunicações pode pressionar Lula a agilizar a reforma ministerial, prometida há pelo menos cinco meses. Na avaliação de deputados e aliados de Lula ouvidos pela IstoÉ, a saída de Juscelino pode ser a “tempestade perfeita” para as trocas definitivas.
Até o momento, o petista fez apenas mudanças pontuais na Esplanada dos Ministérios, com foco maior no PT. Trocas foram feitas na Secretaria de Comunicação Social, Ministério da Saúde e Secretaria de Relações Institucionais, com saídas de Paulo Pimenta e Nísia Trindade para as entradas de Sidônio Palmeira e Gleisi Hoffmann. Alexandre Padilha foi realocado da SRI para a Saúde.
Já o Centrão cobra por mais espaço e pastas robustas no Planalto. A cúpula petista negocia um acordo com partidos para obrigar o apoio à candidatura de Lula à reeleição em 2026.
Os interlocutores avaliam que a abertura de espaço nas Comunicações pode ser o pontapé para as trocas que estavam travadas anteriormente e até a alocação de alguns ministros em outras pastas. Para deputados do Centrão, uma mudança pontual pode dar a sinalização de que o bloco pouco importa para o governo.
Trocas à vista
Além da mudança obrigatória no Ministério das Comunicações, Lula ainda estuda trocas nos ministérios das Mulheres, Secretaria-Geral da Presidência, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Agrário. Trocas em outras pastas não estão descartadas.
No Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves deve dar lugar a Luciana Santos, atual ministra de Ciência e Tecnologia, pasta essa que deve ter indicação do Centrão. Atualmente, União Brasil e PSD disputam a preferência pela pasta, que tem um orçamento de R$ 22,3 bilhões em 2025.
Já na Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo pode dar lugar a um outro petista, provavelmente Paulo Pimenta, que estava na Secom até janeiro. No Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira pode dar lugar a outro nome do Centrão.
Lula ainda queria incluir os ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nos planos de reforma ministerial, mas ambas estão praticamente descartadas. O primeiro assumiu a relatoria da reforma do Imposto de Renda, enquanto o segundo já declarou não querer assumir uma pasta neste momento.