Após um violento bombardeio israelense no norte de Gaza, o socorrista Nooh Al Shaghnobi arriscou a vida para ajudar um ferido, apesar do aviso de um novo ataque iminente.
Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, é possível ver este profissional da Defesa Civil tentando desesperadamente retirar um ferido dos escombros na última quinta-feira.
Shaghnobi estava trabalhando quando o Exército israelense emitiu uma nova ordem de evacuação, alertando sobre um próximo bombardeio no mesmo local, a escola Dar al Arqam, onde deslocados estavam abrigados no bairro de Al Tufah, na Cidade de Gaza.
“A cena foi aterrorizante: milhares de pessoas que estavam na escola saíram em questão de segundos”, relatou Shaghnobi à AFP.
“Senti angústia e a pessoa ferida estava ainda mais angustiada. Tentei acalmá-la dizendo: ‘Ficarei com você até seu último suspiro. Morreremos juntos, se for necessário’.”
Shaghnobi cavou com as mãos entre os escombros, em meio à poeira, para tentar libertar o ferido, cuja perna estava presa.
“Ele gritava para mim: ‘Por que você voltou? Deixe-me morrer. Saia daqui’”, lembrou.
O socorrista afirmou que, em certo momento, eles se viram sozinhos, com drones de reconhecimento sobrevoando o local.
– “O momento de morrer” –
“Tentava tirá-lo, mas não conseguia. Pensei que havia chegado o momento de morrer”, contou.
Um colega de Shaghnobi chegou correndo para adverti-lo de que restavam apenas 10 minutos “para salvar qualquer pessoa que ainda estivesse viva”.
Os dois socorristas uniram forças e, juntos, conseguiram liberar a perna do homem.
“Naquele momento, meus olhos se encheram de lágrimas, meu corpo tremia de cansaço”, disse Shaghnobi.
Ele chamou seus colegas, que a princípio hesitaram, mas acabaram correndo com uma maca para ajudar a levar o sobrevivente para um lugar seguro.
Segundo a Defesa Civil de Gaza, pelo menos 31 pessoas, incluindo várias crianças, ficaram feridas na última quinta durante o bombardeio.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo sangrento ataque do Hamas em Israel no dia 7 de outubro de 2023, quase todos os 2,4 milhões de habitantes do território palestino, sitiado e devastado, foram deslocados pelos combates.
Entre eles, dezenas de milhares buscaram abrigo em escolas, hospitais e outros edifícios públicos.
Israel afirma que o Hamas e outros grupos armados utilizam esses edifícios para fins militares e que usam os civis como escudos humanos, uma acusação que o movimento islamista palestino nega.