A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito policial para investigar duas estudantes de medicina publicaram um vídeo em uma rede social para zombar de uma paciente que já havia passado por três transplantes de coração e um de rim. As jovens devem ser investigadas por injúria pelo 14° Distrito Policial, em Pinheiros, na zona Oeste da capital paulista.
A abertura da investigação acontece após o vídeo, publicado em fevereiro e apagado na terça-feira (8), viralizar nas redes sociais e chegar a família da paciente mencionada na publicação, na última quinta-feira (3). No dia seguinte, a mãe da vítima compareceu à delegacia e fez a denúncia.
A jovem Vitoria Chaves da Silva morreu no dia 28 de fevereiro depois de um ano e nove meses internada no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
“A mãe da vítima foi ouvida e as diligências seguem visando o devido esclarecimento dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos”, disse a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo.
No vídeo, as estudantes compartilham informações sobre o terceiro transplante em janeiro do ano passado, realizado no Incor e ironizam: “Assim, não sei. Essa menina tá achando que tem sete vidas? Não sei”. As alunas foram identificadas como Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano.
A família ainda afirma que a publicação do vídeo aconteceu sem “nenhuma autorização para fazer exposição publica desse caso clinico” e ainda destacam que as investigadas afirmam que Vitoria não tomou os remédios necessários após o transplante.
A segunda vez, ela transplantou, ela não tomou os remédios que ela precisava tomar, o corpo meio que rejeitou e teve que transplantar de novo por um erro dela”, comentou a outra aluna. Veja vídeo abaixo:
Em nota, a FMUSP informou que as estudantes envolvidas no caso são graduandas de outras instituições e estavam no hospital por conta de um curso de extensão de um mês. “Assim que foi tomado conhecimento do fato, as universidades de origem das estudantes foram notificadas para poderem tomar as providências cabíveis”, afirma o comunicado.
“A FMUSP repudia com veemência qualquer forma de desrespeito a pacientes e reafirma o compromisso inegociável com a ética, a dignidade humana e os valores que norteiam a boa prática médica”, ressaltou.
O caso de Vitória
Quando nasceu, Vitória Chaves da Silva foi diagnosticada com uma grave cardiopatia congênita chamada Anomalia de Epstein, uma doença rara que afeta a válvula do coração.
A jovem de 26 anos, passou por quatro procedimentos cirúrgicos de transplantes, três de coração e um de rim. O primeiro deles foi na infância, em 2005. O segundo em 2016 e o terceiro em 2024.
Vitória morreu devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica em fevereiro. A morte ocorreu um ano após o terceiro transplante de coração e dois anos depois de um transplante de rim, que ficou comprometido durante o tratamento cardíaco da jovem.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Polícia abre investigação sobre alunas de medicina que zombaram de paciente no site CNN Brasil.
