União Europeia suspende tarifas retaliatórias contra os EUA por 90 dias

"ADecisão ocorre após recuo de Trump na aplicação de tarifas gerais. Bloco europeu paralisa medida para negociar com os Estados Unidos.A União Europeia (UE) anunciou nesta quinta-feira (10/04) a suspensão por 90 dias das tarifas retaliatórias impostas a importações dos Estados Unidos, enquanto negocia com o governo do presidente Donald Trump, que trava uma guerra com seus parceiros comerciais. A decisão ocorre após Washington recuar temporariamente na aplicação de tarifas gerais.

O anúncio vem um dia após o bloco ter concordado em taxar uma série de importações dos EUA em 25% em resposta às tarifas de aço e alumínio de anunciadas por Trump há um cerca de um mês. A Comissão Europeia ainda não apresentou uma resposta formal às tarifas recíprocas de 20% que Trump impôs contra a UE.

“Queremos dar uma chance às negociações”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Se as negociações não forem satisfatórias, nossas contramedidas entrarão em vigor.”

Retrocessos parciais

As tarifas agora suspensas previam atingir 21 bilhões de euros (cerca de R$ 133 bilhões) em produtos dos EUA, tendo como alvo produtos e commodities como soja, frutas, motocicletas, produtos de beleza, roupas e fio dental.

Esta foi a primeira retaliação da UE na guerra comercial de “tarifas recíprocas” lançada pelo presidente americano. Nas últimas semanas, o bloco havia enfatizado repetidamente sua disposição de chegar a uma solução negociada.

Mais cedo nesta quinta-feira, von der Leyen saudou o retrocesso parcial do governo americano, a fim de permitir negociações.

Na véspera, Trump anunciara em sua rede social própria, a Truth Social, que manteria as tarifas de 10%, mas suspenderia por 90 dias as taxas adicionais para todos os parceiros comerciais que não retaliaram contra os EUA e solicitaram uma solução negociada, incluindo a UE, à qual havia inicialmente atribuído uma alíquota de 20%.

“É um passo importante para estabilizar a economia global”, disse Von der Leyen. “Condições claras e previsíveis são essenciais para o funcionamento do comércio e das cadeias de suprimentos. “

Apesar da disposição para alcançar um acordo comercial com os EUA, a UE continua focada em diversificar alianças comerciais, colaborando com países que compartilham o compromisso com o livre comércio.

Guerra acirrada com a China

Apesar de reduzir temporiamente as tarifas, Trump decidiu na quarta-feira aumentar para 125% a taxa sobre produtos chineses aprofundando, assim, a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Em resposta, os chineses impuseram tarifas de 84% sobre as importações americanas. O republicano disse ter esperança de que, “em um futuro próximo, a China perceba que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”.

A China rejeitou o que chamou deameaças e chantagens dos EUA. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês disse que o país “seguirá até o fim” se o governo americano seguir no mesmo caminho. Segundo o ministério, a porta de Pequim está aberta para o diálogo baseado no respeito mútuo.

Enquanto Trump não descarta uma resolução com a China, autoridades do seu governo afirmam que a prioridade são negociações com outros países, como Vietnã, Japão e Coreia do Sul.

ht/cn (reuters, efe, dpa)

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