EUA e Rússia trocam prisioneiros, incluindo bailarina acusada de traição

A russa-americana Ksenia Karelina, que cumpria pena de 12 anos de prisão por traição na Rússia, foi libertada como parte de uma troca de prisioneiros por um traficante detido nos Estados Unidos.

O Secretário de Estado americano, Marco Rubio, escreveu na rede social X na manhã desta quinta-feira (10) que Karelina havia sido libertada e estava a caminho dos Estados Unidos.

“A americana Ksenia Karelina está em um avião de volta para casa, nos Estados Unidos. Ela foi detida injustamente pela Rússia por mais de um ano e o presidente Trump garantiu sua libertação”, declarou Rubio no X.

Ele acrescentou que o presidente “continuará a trabalhar pela libertação de TODOS os americanos”.

Karelina foi trocada por Arthur Petrov, um cidadão russo-alemão que estava detido nos EUA sob acusações de crimes relacionados a violações de controle de exportação, contrabando, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, informaram agências de notícias estatais russas nesta quinta-feira, citando a FSB, agência de segurança russa.

Duas autoridades americanas familiarizadas com o assunto confirmaram à CNN que a russa-americana foi trocada por Petrov.

A troca de prisioneiros ocorreu em Abu Dhabi nesta quinta-feira e foi conduzida pelo diretor da CIA, John Ratcliffe, disseram as autoridades.

Diplomacia entre russos e americanos

A notícia da troca surgiu no momento em que autoridades russas e norte-americanas se reuniam em Istambul, na Turquia, para discutir as operações da embaixada.

Diplomatas dos dois países se encontraram diversas vezes desde que Trump assumiu o cargo em janeiro, enquanto o presidente americano pressionava pelo fim da guerra na Ucrânia.

Os esforços para garantir um cessar-fogo parecem ter estagnado nas últimas semanas, após a Rússia se recusar a assinar uma proposta apresentada pelos EUA e apoiada pela Ucrânia.

O Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos confirmou que a troca, afirmando em um comunicado que o fato de a Rússia e os EUA terem escolhido Abu Dhabi para a troca de farpas refletiu “a estreita amizade entre eles e os Emirados Árabes Unidos”.

A pasta afirmou esperar que “esses esforços contribuam para apoiar a redução de tensões e promoção do diálogo e do entendimento, alcançando assim segurança e estabilidade nos níveis regional e internacional”.

Acusações contra prisioneiros

Petrov foi acusado de crimes relacionados a violações de controle de exportação, contrabando, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.

Ele foi preso em agosto de 2023 no Chipre a pedido de Washington e extraditado para os EUA em agosto de 2024, com 33 anos na época.

Segundo o Departamento de Justiça, Petrov supostamente contrabandeava microeletrônicos fabricados nos EUA para a Rússia, onde eram usados ​​na fabricação de armas e outros equipamentos para o exército russo.

Os Estados Unidos impuseram controles de exportação sobre muitas peças que poderiam ser usadas na fabricação de armas após a Rússia lançar sua invasão em larga escala da Ucrânia em 2022, um esforço para isolar Moscou do acesso à tecnologia ocidental.

12 anos por uma doação de US$ 50 para caridade

O namorado de Karelina, Chris van Heerden, disse estar “extremamente feliz” ao saber que ela estava a caminho dos EUA, chamando-a de “o amor da minha vida”.

“Ela suportou um pesadelo por 15 meses e mal posso esperar para segurá-la. Nosso cachorro, Boots, também aguarda ansiosamente seu retorno”, expressou.

Van Heerden agradeceu a Trump, aos enviados especiais Steve Witkoff e Adam Boehler, à presidente-executiva do Ultimate Fighting Championship, Dana White, e ao diretor de cinema Peter Berg, assim como à organização sem fins lucrativos Global Reach e ao diretor-executivo da Wasserman Foundation, Rica Rodman.


Cidadã russo-americana presa por traição na Rússia foi identificada como Ksenia Karelina
Cidadã russo-americana presa por traição na Rússia foi identificada como Ksenia Karelina • Ksenia Karelina/Facebook

Como Trump soube do caso

Segundo uma fonte próxima, van Heerden, ex-campeão de boxe, é treinador na academia de Berg, e foi assim que o diretor de cinema se envolveu no caso.

Berg levou o caso a White, que então compartilhou pessoalmente detalhes da história de Karelina com Trump no final de fevereiro, disse a fonte próxima. Isso tornou o caso pessoal para o presidente, que então tomou medidas para torná-lo uma prioridade, relatou a fonte.

Karelina, então com 33 anos, foi sentenciada em agosto. Ela foi condenada por traição após fazer uma doação de pouco mais de US$ 50 para uma instituição de caridade americana que apoia a Ucrânia.

Seu julgamento foi realizado no mesmo tribunal em Ecaterimburgo onde o repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, foi condenado por espionagem e sentenciado a 16 anos de prisão em julho passado.

Gershkovich foi libertado em uma troca histórica de prisioneiros que incluiu o ex-fuzileiro naval americano Paul Whelan, o proeminente crítico de Putin e residente permanente nos EUA, Vladimir Kara-Murza, e a jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva.

Eles foram trocados por vários cidadãos russos detidos em vários países, incluindo o assassino condenado Vadim Krasikov.

Karelina é uma bailarina amadora residente em Los Angeles que se tornou cidadã americana em 2021.

Ela entrou na Rússia em janeiro de 2024, mas os EUA só souberam da prisão em 8 de fevereiro de 2024.

Conforme um site administrado por apoiadores, Karelina viajou à Rússia para visitar sua avó, irmã e pais de 90 anos, com a intenção de retornar para casa em Los Angeles após duas semanas.

A soltura da russa-americana marca a segunda libertação de um cidadão americano da Rússia desde que Trump retornou à Casa Branca.

Marc Fogel, um professor americano detido por Moscou por mais de três anos, foi libertado em fevereiro. Ele foi trocado pelo acusado de lavagem de dinheiro russo Alexander Vinnik.

Os EUA estão rastreando mais de meia dúzia de americanos detidos na Rússia, informou a autoridade dos EUA.

Entre eles está Stephen Hubbard, que foi oficialmente declarado por Washington como detido injustamente.

Hubbard, de 72 anos, foi condenado a seis anos e 10 meses de prisão russa no ano passado por supostamente lutar como mercenário pela Ucrânia.

Este conteúdo foi originalmente publicado em EUA e Rússia trocam prisioneiros, incluindo bailarina acusada de traição no site CNN Brasil.

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