A Ucrânia afirmou na quarta-feira (9) ter identificado pelo menos 155 cidadãos chineses que estariam combatendo ao lado do exército russo em território ucraniano. Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, dados de passaportes e registros de entrada na Rússia desses indivíduos foram reunidos pelas forças de inteligência. A China reagiu prontamente, classificando as alegações como “totalmente infundadas”, conforme relatou a agência Associated Press (AP).
O presidente ucraniano também declarou que os dois primeiros combatentes chineses foram capturados nesta semana e que ele estaria disposto a trocá-los por prisioneiros de guerra ucranianos detidos pela Rússia. Embora não tenha apresentado provas, Zelensky afirmou que “autoridades em Beijing estavam cientes da campanha de recrutamento de mercenários chineses pela Rússia”.

Segundo Zelensky, “nós acreditamos que há muitos mais deles”, referindo-se aos combatentes chineses. Ele apresentou aos jornalistas uma lista com nomes, números de passaporte e datas de movimentação dos supostos recrutas — documentos que ainda não foram verificados de forma independente.
Durante entrevista coletiva em Beijing, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Lin Jian rebateu as acusações. “O governo chinês sempre pede aos cidadãos chineses que fiquem longe de zonas de conflito, evitem se envolver em qualquer forma de conflito armado e, especialmente, se abstenham de participar de operações militares de qualquer das partes”, afirmou.
O embate diplomático ocorre enquanto os EUA tentam costurar um cessar-fogo na guerra que já dura mais de três anos. O presidente Donald Trump busca cumprir a promessa de campanha de encerrar rapidamente o conflito, mas as tensões com a China têm crescido, inclusive com a imposição de tarifas que afetam o comércio global.
O Departamento de Estado dos EUA reagiu com preocupação às denúncias. “A China é uma grande facilitadora da Rússia na guerra na Ucrânia”, declarou a porta-voz Tammy Bruce. Ela afirmou que Beijing fornece quase 80% dos produtos de uso duploa que sustentam o esforço de guerra russo, incluindo ferramentas industriais e componentes eletrônicos que podem ser convertidos em armamento.
O governo da China insiste em negar que forneça armas ou insumos militares à Rússia, embora esses indícios venham se acumulando. Em 2022, por exemplo, Beijing vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para Moscou, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados de setembro de 2023 divulgados pela rede CNBC.
“Esperamos que, após esta situação, os americanos conversem mais com os ucranianos e depois com os russos. E esperamos que o lado chinês também responda”, disse Zelensky por meio do Telegram, conforme relato da rede CNN.
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