O governo alemão suspendeu temporariamente a recepção de refugiados por meio de um programa da ONU (Organização das Nações Unidas) voltado a pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. A decisão ocorre em meio às negociações da nova coalizão que assumirá o poder e que deve adotar uma política migratória mais restritiva, de acordo com informações da rede Deutsche Welle (DW).
Segundo o Escritório Federal para Migração e Refugiados (BAMF), o congelamento das candidaturas começou em meados de março. A paralisação atinge um programa que desde 2012 permite a entrada de refugiados com necessidades especiais de proteção que não podem permanecer nos primeiros países de acolhimento, como menores de idade desacompanhados, vítimas de violência ou pessoas em estado crítico de saúde.

De acordo com a ONU, mais da metade dos beneficiários desse esquema vinha da Síria, mas o programa também atendia refugiados de nações como Iraque, Iêmen, Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Somália e Eritreia. A Alemanha era o terceiro maior participante da iniciativa, atrás apenas de EUA e Canadá, e havia prometido acolher 6.550 pessoas por ano entre 2024 e 2025.
A suspensão ocorre no contexto da transição de governo. O provável futuro chanceler Friedrich Merz, do partido CDU (União Democrata-Cristã), tem defendido deportações em massa e o endurecimento de regras migratórias. A mudança de tom foi impulsionada pelo aumento da influência do partido de extrema direita AfD, de quem Merz tem se aproximado em pautas como controle de fronteiras.
Chris Melzer, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) na Alemanha, disse que a interrupção do programa está relacionada às tratativas políticas. “O programa foi interrompido durante as negociações de coalizão”, afirmou.
Segundo ele, a expectativa é de que a iniciativa seja retomada: “Assumimos que continuará assim que houver um novo ministro do Interior”.
Enquanto isso, o BAMF informou que está processando apenas os pedidos já em estágio avançado. Parte do acordo de coalizão preliminar prevê o encerramento de outros programas humanitários semelhantes, como o destinado a afegãos em risco sob o regime do Taleban, substituindo-os por políticas voltadas à demanda do mercado de trabalho alemão.
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