Tarifas americanas contra a China somam 145%, diz Casa Branca

"TrumpTrump fala em “falta de respeito” após Pequim aplicar taxas de 84% sobre produtos dos EUA. Aumento americano de 125% se soma a 20% que já haviam sido impostos anteriormente. Demais países serão taxados em 10%.A Casa Branca esclareceu nesta quinta-feira (10/04) que a tarifa definida pelos Estados Unidos contra produtos chineses chega a 145%, um valor superior ao anunciado pelo presidente americano Donald Trump na quarta-feira.

Segundo o gabinete de Trump, este valor inclui os 125% impostos como retaliação ao país asiático e outros 20% que já estavam em vigor desde janeiro como medida punitiva para supostamente conter o tráfico de fentanil.

As novas barreiras tarifárias aprofundam ainda mais a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Na quarta-feira, Trump também decidiu reduzir para 10% as tarifas impostas aos demais países, valor que será aplicado por ao menos 90 dias.

Segundo ele, “mais de 75 países” teriam convocado representantes dos Estados Unidos “para negociar uma solução” em relação ao tarifaço americano.

Para o Brasil, não deverá haver mudança, porque o país já estava entre os taxados em 10%.

O republicano disse ter esperança de que, “em um futuro próximo, a China perceba que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”.

Reação da China e da UE

O anúncio de Trump é uma retaliação às medidas anunciadas pela China, mais cedo, nesta quarta-feira, em resposta às barreiras tarifárias impostas por Washington. Pequim elevou a taxa de importação de produtos americanos a 84%. A medida chinesa entra em vigor nesta quinta-feira.

Pequim também impôs restrições de importação a 18 empresas americanas, principalmente em setores relacionados à defesa, ampliando a lista de outras 60 companhias já sancionadas na disputa.

O total de taxas sobre produtos chineses importados entrou em vigor na quarta-feira, mesma data em que passaram a valer as tarifas adicionais contra cerca de 60 países e a União Europeia.

“A escalada das tarifas dos EUA sobre a China é um erro em cima de um erro, que infringe seriamente os direitos e interesses legítimos da China e prejudica seriamente o sistema de comércio multilateral baseado em regras”, disse o Ministério das Finanças da China. O país já havia indicado que pretendia “lutar até o fim” para defender seus direitos comerciais.

Já a União Europeia concordou, na quarta-feira, em avançar com suas próprias tarifas sobre as importações dos EUA em retaliação às taxas previamente anunciadas pelo presidente Donald Trump sobre o aço e o alumínio europeus. É a primeira retaliação do bloco na guerra comercial lançada por Trump.

As tarifas da UE variarão de 15% a 25%, sobre 21 bilhões de euros (cerca de R$ 133 bilhões) em produtos dos EUA, tendo como alvo produtos e commodities como soja, frutas, motocicletas, produtos de beleza, roupas e fio dental. Elas entrarão em vigor na próxima terça-feira.

“Essas contramedidas podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com um resultado negociado justo e equilibrado”, disse a Comissão Europeia em um comunicado.

A proposta da UE foi discutida como resposta às tarifas impostas por Trump há cerca de um mês sobre importações de aço e alumínio, e não à recente taxa de 20% sobre as exportações da UE que passou a valer nesta quarta-feira.

Economia americana em perigo

As tarifas punitivas de Trump abalaram uma ordem comercial global que existe há décadas e eliminaram trilhões de dólares do valor de mercado de centenas de empresas.

Desde que a medida foi anunciada, os principais índices de ações nos EUA têm sido pressionados. O S&P 500, que reúne 500 empresas de capital aberto americanas, sofreu sua maior perda desde sua criação na década de 1950.

Os títulos do Tesouro dos EUA também foram afetados pela turbulência do mercado e ampliaram suas perdas nesta quarta-feira, em um sinal de que os investidores estão se desfazendo até mesmo de seus ativos mais seguros. O dólar também teve um dia de queda e ficou mais fraco em relação a outras moedas.

Apesar o risco de umaestagnação global da economia, incluindo uma recessão prevista nos EUA, Trump diz não ter interesse em rever a estratégia até o momento. Em discurso no jantar do Comitê Nacional Republicano do Congresso em Washington na noite de terça-feira, o republicano afirmou que os países afetados estão ansiosos para negociar com ele.

“Estou lhes dizendo, esses países estão nos ligando. Eles estão loucos para fazer um acordo. ‘Por favor, por favor, senhor, faça um acordo. Eu farei qualquer coisa, senhor'”, disse ele, imitando em tom irônico os líderes estrangeiros.

Bolsas disparam após recuo nas tarifas

A entrada em vigor do novo conjunto de tarifas impostas pelos EUA e o anúncio da sobretaxa contra a China voltou a derrubar ações em todo o mundo no início do dia.

Taiwan liderou as perdas na Ásia, com o índice Taiex caindo 5,9%. No Japão, a bolsa de valores de Tóquio encolheu 3,9% e o índice Topix, que agrega um número mais amplo de empresas domésticas, ficou 3,4% mais baixo.

As ações de tecnologia foram as mais prejudicadas no país. Empresas como SoftBank Group, Advantest e Tokyo Electron viram o valor de suas ações reduzirem entre 6 a 8%.

Em Seul, as ações caíram a 1,74%, atingindo a maior baixa em 18 meses. Os mercados australianos também se juntaram à liquidação global, com os papéis de energia e recursos naturais liderando as quedas. O principal índice de referência do país, S&P/ASX 200, caiu 1,8%, e a carteira mais ampla All Ordinaries fechou em queda similar de 1,85%.

Na Nova Zelândia, a derrocada foi menor, de 0,71%. No país, o banco central cortou sua taxa básica de juros e sinalizou que vai reduzir os custos de empréstimos para evitar uma desacelaração imediata da economia.

Os índices europeus também abriram em forte queda nesta quarta-feira.

No entanto, os mercados dispararam após o anúncio americano da pausa de tarifas por 90 dias para diversos países. O índice Nasdaq atingiu durante a tarde mais de 12%, na maior alta desde 2001; e o S&P 500, 9,5%, o maior ganho desde 2008. O Dow Jones subiu 7,9%, o melhor dia desde 2020.

No Brasil, o dólar apresentava tendência de queda. Após superar a barreira dos R$ 6 na maior parte do dia, a moeda caiu quase 3% e houve reação positiva no Ibovespa, que registrou forte alta de 3,12% no fim do pregão.

gq/ra (AFP, Reuters, dpa, ots)

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