SÃO PAULO, 10 ABR (ANSA) – Por Luciana Ribeiro – Após sua história ser retratada em “Ainda Estou Aqui”, filme dirigido por Walter Salles e ganhador de um Oscar inédito para o Brasil, a advogada Eunice Facciolla Paiva deve ter suas raízes italianas honradas com uma série de homenagens em Polignano a Mare, no sul da Itália.
Uma proposta apresentada pela vereadora Maria La Ghezza, do Movimento 5 Estrelas (M5S), prevê rebatizar uma rua deste município paradisíaco à beira-mar com o nome de Eunice, descendente de imigrantes de Polignano que se mudaram para o Brasil no fim do século 19.
“É uma ideia ótima”, disse à ANSA Eliana Paiva, filha de Eunice e Rubens Paiva, cujo sequestro, desaparecimento e morte pelas mãos da ditadura militar provocou uma revolução na vida da mulher interpretada por Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui”.
“É uma sensação muito subjetiva, de orgulho. Me sinto muito honrada e acho que minha mãe adoraria saber disso”, acrescentou Eliana, ressaltando que a homenagem faz a família – todos com cidadania reconhecida – “se sentir ainda mais italiana”.
“A gente ficou muito feliz, porque honra muito essa ligação com a Itália e essa preocupação com os descendentes no exterior”, salientou ela, que também agradeceu pelo “carinho” com a família Paiva.
Eunice nasceu e cresceu no bairro do Brás, em uma comunidade de imigrantes italianos, e seu avô foi um dos fundadores da Associação Beneficente São Vito Mártir, promotora da Festa de São Vito, maior evento religioso e social da comunidade ítalo-paulistana.
Em entrevista à ANSA, La Ghezza explicou que a proposta de rebatizar uma rua em Polignano com o nome de Eunice destaca “uma mulher da nossa terra que arriscou sua vida pela verdade e justiça, resiliente, corajosa, cheia de dor, mas acostumada a lutar”.
“É um gesto de memória e orgulho coletivo e uma oportunidade preciosa para ampliar horizontes culturais e turísticos da cidade, ao mesmo tempo em que fortalece o profundo vínculo com nossas raízes no Brasil”, acrescentou.
Segundo a vereadora, “Eunice se tornou um ícone dos direitos civis no Brasil, e o filme dedicado a ela é prova disso”.
“Queremos revivê-la em nossa comunidade, lembrá-la como uma filha de Polignano que trouxe prestígio ao nosso país no mundo.
Em uma época marcada por conflitos e tensões, o exemplo de Eunice – uma mulher que resistiu à ditadura com dignidade – é mais relevante e necessário do que nunca”, explicou.
A proposta ainda não tem data para ser votada, mas a expectativa é de que seja aprovada sem dificuldades e que a família de Eunice seja convidada para uma série de homenagens promovidas pela prefeitura local. “Esse momento terá de representar uma verdadeira ponte entre Polignano a Mare e o Brasil, entre a nossa comunidade e a deles”, concluiu La Ghezza.
(ANSA).