Drones ucranianos reduzem avanço russo e ampliam perdas entre as tropas do inimigo

O uso estratégico de drones pelas forças da Ucrânia está dificultando significativamente o avanço da Rússia na guerra, segundo informações de analistas ocidentais e da inteligência da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Nos últimos cinco meses, os ganhos territoriais russos caíram para cerca de um quinto do que eram anteriormente, enquanto as baixas nas fileiras de Moscou aumentaram, especialmente em áreas como Pokrovsk e Toretsk, no leste da Ucrânia. As informações são do jornal The Telegraph.

De acordo com a Otan, a ofensiva que a Rússia lançou no verão passado, com base na captura da cidade de Avdiivka, perdeu força nos primeiros meses de 2025. Dados do Ministério da Defesa indicam que os russos conquistaram 730,5 quilômetros quadrados em novembro de 2024, mas no mês passado esse número caiu para 143 quilômetros quadrados.

“Como esperávamos, os ganhos russos diminuíram ao se aproximarem de áreas mais urbanizadas, como Pokrovsk, e as taxas de baixas continuaram muito, muito altas”, afirmou um alto funcionário da Otan.

Cerimônia das Forças Armadas da Rússia em homenagem a militares mortos (Foto: Facebook/mod.mil.rus)

Essa desaceleração é atribuída ao uso combinado de drones e sistemas de artilharia por parte da Ucrânia. A 59ª Brigada de Assalto afirmou nas redes sociais que 85% das perdas infligidas ao inimigo foram causadas por sistemas não tripulados. Essas aeronaves têm sido utilizadas em conjunto com peças de artilharia de longo alcance fornecidas pelo Ocidente, como os obuses, permitindo ataques eficazes num raio de até 30 quilômetros.

O especialista Michael Kofman, do think tank Carnegie Endowment, estimou recentemente que mais de 60% das baixas diárias da Rússia são provocadas por drones ucranianos. “Eles são o principal meio de impedir ataques, em combinação com minas e artilharia tradicional”, disse. Em alguns casos, os ataques com drones têm destruído veículos militares a até 10 quilômetros da linha de frente, obrigando soldados russos a avançarem a pé.

Além da resistência tecnológica, as tropas ucranianas também realizaram contra-ataques pontuais nas frentes de Pokrovsk e Toretsk, retomando posições perdidas. O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) confirmou que o ritmo das conquistas russas caiu mês a mês desde novembro e que a Ucrânia conseguiu conter avanços em regiões como Zaporizhzhya e Kharkiv com ataques de drones e defesas reforçadas.

Mesmo assim, Moscou segue com sua ofensiva. Recentemente, o presidente Vladimir Putin assinou um decreto para mobilizar 160 mil novos recrutas, o maior número de conscritos em 14 anos. George Barros, do ISW, alertou para os limites dessa estratégia: “Quando você continua lutando depois de ter esgotado suas forças ofensivas, pode continuar, mas terá retornos cada vez menores. Sua taxa de desgaste vai aumentar, e sua eficácia será reduzida.”

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