O enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, Steve Witkoff, se reuniu na sexta-feira (12) com o presidente Vladimir Putin em São Petersburgo sobre a busca por um acordo de paz para a Ucrânia, enquanto Trump disse à Rússia para “se mexer”.
A TV estatal mostrou Putin saudando Witkoff na biblioteca presidencial de São Petersburgo no início das negociações, e as agências de notícias estatais posteriormente informaram que as conversas duraram mais de quatro horas.
“O tema da reunião – aspectos de uma solução para a Ucrânia”, disse o Kremlin em um comunicado após a conclusão das conversas.
Witkoff emergiu como uma figura chave na retomada intermitente entre Moscou e Washington, no meio de conversas, do lado russo, sobre possíveis investimentos conjuntos no Ártico e em minerais raros russos.
A agência de notícias Izvestia divulgou um vídeo de Witkoff deixando um hotel na cidade, acompanhado por Kirill Dmitriev, enviado de investimentos de Putin.
Dmitriev chamou as conversas de sexta-feira de produtivas, segundo a agência de notícias estatal russa TASS.
No entanto, as conversas acontecem em um momento em que o diálogo entre os EUA e a Rússia, destinado a acordar um cessar-fogo antes de um possível acordo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia, parece ter estagnado devido a desacordos sobre as condições a suspensão das hostilidades.
Trump, que tem mostrado sinais de perder a paciência, falou sobre impor sanções secundárias a países que compram petróleo russo, caso sinta que Moscou está protelando o acordo sobre a Ucrânia.
Autoridades ucranianas enviaram nos últimos dias a Washington uma lista de alvos que acreditam ter sido atingidos pela Rússia em violação ao cessar-fogo da infraestrutura energética que os dois países concordaram no mês passado, de acordo com duas fontes familiarizadas com a lista.
Na sexta-feira, Trump disse em uma postagem no Truth Social: “A Rússia tem que se mexer. Muitas pessoas (estão) MORRENDO, milhares por semana, em uma guerra terrível e sem sentido – Uma guerra que nunca deveria ter acontecido, e não teria acontecido, se eu fosse o presidente!!!”
Putin afirmou que está pronto, em princípio, para concordar com um cessar-fogo total, embora tenha enfatizado que detalhes cruciais sobre a implementação ainda estão indefinidos e que as causas profundas da guerra, conforme ele descreve, ainda não foram abordadas.
Especificamente, ele afirmou que a Ucrânia não deve aderir à Otan, que o tamanho de seu exército precisa ser limitado e que a Rússia deve obter a totalidade do território das quatro regiões ucranianas que reivindica como suas, apesar de não as controlar totalmente.
Com Moscou controlando pouco menos de 20% da Ucrânia e as forças russas continuando a avançar no campo de batalha, o Kremlin acredita que a Rússia está em uma posição forte quando se trata de negociações e que a Ucrânia deveria fazer concessões.
Kiev afirma que as condições impostas pela Rússia seriam uma capitulação.
Uma reunião entre Trump e Putin está no horizonte?
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Putin e Witkoff poderiam discutir a possibilidade de o líder russo se encontrar pessoalmente com Trump.
Putin e Trump já conversaram por telefone, mas ainda não se encontraram pessoalmente desde que o líder dos EUA retornou à Casa Branca em janeiro para seu segundo mandato de quatro anos.
No entanto, Peskov minimizou as conversas entre Witkoff e Putin, dizendo à mídia estatal russa antes do início das negociações que a visita do enviado dos EUA não seria “importante” e que nenhum avanço era esperado.
Ele afirmou que a reunião seria uma oportunidade para a Rússia expressar suas preocupações. Moscou e Kiev têm se acusado repetidamente de violar o moratório sobre ataques à infraestrutura energética um do outro.
A reunião, a terceira deste ano entre Putin e Witkoff, ocorre em um momento de tensões elevadas entre os EUA e o Irã e a China, ambos aliados próximos de Moscou, agravadas pelo programa nuclear de Teerã e por uma crescente guerra comercial com Pequim.
Witkoff, que visitou uma sinagoga em São Petersburgo mais cedo na sexta-feira, deve chegar a Omã no sábado para conversas com o Irã sobre seu programa nuclear. Trump ameaçou Teerã com ação militar caso não aceite um acordo. Moscou tem oferecido repetidamente sua ajuda para tentar alcançar uma solução diplomática.
Oficiais dos EUA e da Rússia disseram que fizeram progressos durante as conversas em Istambul na quinta-feira (10) em direção à normalização do trabalho de suas missões diplomáticas, à medida que começam a reconstruir os laços entre os dois países.
Uma reunião em fevereiro entre Witkoff e Putin culminou com o envio de Witkoff de volta aos EUA acompanhado de Marc Fogel, um professor americano que Washington havia afirmado ter sido detido de forma indevida pela Rússia.
Uma trabalhadora de spa russo-americana, Ksenia Karelina, que havia sido sentenciada a 12 anos de prisão na Rússia, foi trocada na quinta-feira por Arthur Petrov, a quem os EUA haviam acusado de formar um anel global de contrabando para transferir eletrônicos sensíveis para o exército russo.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Trump diz para Rússia “se mexer” sobre acordo para fim da guerra na Ucrânia no site CNN Brasil.