
A Copa de 1958 se aproximava, a expectativa era grande, claro, mas ainda havia uma grande incógnita que rondava o selecionado: Pelé. O atleta, de apenas 17 anos, tinha se machucado em um jogo treino contra o Corinthians, no Pacaembu. A maior promessa do futebol brasileiro àquela altura estava garantida ou não no mundial? Décadas depois, em entrevista à Jovem Pan, Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação nacional, lembrou do teste decisivo que confirmou o futuro Rei do futebol na Suécia: “Quatro horas da tarde, a inscrição acabava meia-noite. O Pelé ainda se ressentia de dores da trombada que tinha levado em São Paulo. Chamei o Hilton Gosling e disse assim: ‘Hilton, nós temos até meia noite para resolver’. Estávamos na Itália. O Pelé vai para a Suécia ou não vai? O Hilton, que era espetacular, disse: ‘se ele aguentar o teste que eu vou fazer com ele, ele vai!’. Se não, nós imediatamente chamamos o Almir, que estava na Europa naquela ocasião. O Mário Américo trouxe uma bacia com água fervendo, mas fervendo que não dava para colocar o dedo. O Hilton disse assim para o Pelé: ‘Pelé, você é homem? É! Então coloca o pé nessa bacia para eu ver se você vai para a Copa do Mundo’. Não teve dúvida. O moleque pegou na perna e colocou até o fim”.
Quando Pelé foi convocado para a Copa, a imprensa taxou Paulo Machado de Carvalho de louco por apostar em um menino de 17 anos. A atitude de levá-lo, ainda não plenamente recuperado, também rendeu muita discussão. Com a definição, a CBD enviou à FIFA a relação definitiva dos vinte e dois jogadores que iriam disputar o mundial. No entanto, a Confederação se esqueceu de informar os números das camisas dos atletas. O uruguaio Lorenzo Villizio, representante sul-americano no Comitê Organizador da Copa, preencheu aleatoriamente os números, pois não conhecia todos os jogadores e muito menos a posição de cada um. Por isso, vemos nos filmes das partidas o goleiro Gylmar com a “3”, Garrincha com a “11” e Zagallo com a “7”, que não correspondiam às suas posições. Pelo menos Pelé ficou, corretamente, com a camisa 10. Existem poucas informações sobre Villizio. De acordo com a Folha de S.Paulo, durante anos ele deu expediente, como contador, na diretoria do Nacional, time mais antigo do Uruguai. Ele morreu nos anos 80.
Veja a lista dos brasileiros campeões em 1958 com os respectivos números das camiss: 1 – Castilho; 2 – Bellini; 3 – Gylmar; 4 – Djalma Santos; 5 – Dino Sani; 6 – Didi; 7 – Zagallo; 8 – Oreco; 9 – Zózimo; 10 – Pelé; 11 – Garrincha; 12 – Nilton Santos; 13 – Moacir; 14 – De Sordi; 15 – Orlando; 16 – Mauro; 17 – Joel; 18 – Mazzola; 19 – Zito; 20 – Vavá; 21 – Dida e 22 – Pepe.