A intensificação da guerra comercial entre EUA e China está afetando diretamente os principais polos exportadores chineses. Nos portos de Xangai e Guangdong, embarcações com destino ao território norte=-americano praticamente desapareceram nesta semana, enquanto contêineres abarrotados aguardam embarque após não conseguirem partir antes do novo aumento de tarifas. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
A crise se agravou após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma elevação das chamadas “tarifas recíprocas” para 125%, com aplicação imediata. Segundo a Casa Branca, o total das tarifas sobre produtos chineses chega a 145%, somando-se os 20% previamente impostos sob acusação de que Beijing não combate como deveria o comércio de fentanil.
A resposta chinesa veio dois dias depois: tarifas sobre importações americanas subiram de 84% para 125%. O efeito prático foi sentido nas linhas de produção das províncias de Zhejiang e Guangdong – responsáveis pela maior parte das exportações chinesas em 2024 – e nas docas de portos estratégicos, onde mercadorias destinadas aos EUA se acumulam sem perspectiva de envio.

“No momento, todos os negócios ligados ao comércio exterior estão enfrentando dificuldades”, relatou Zhang, empresário da cidade de Qingdao, em Shandong. “Se eles (as economias estrangeiras) não performam bem, no pior dos casos o presidente será impeachmado. Se a nossa não performar bem aqui, ela entra em colapso”, disse.
Imagens captadas nos últimos dias mostram armazéns cheios e fábricas paradas. A Cosco Shipping Holdings, uma das maiores operadoras estatais chinesas, confirmou à imprensa local que muitos donos de carga tentam finalizar processos alfandegários, mas diversos contêineres permanecem empilhados nos pátios.
Em 2024, a China exportou o equivalente a US$ 438,9 bilhões para os EUA, crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior. “A menos que sejam revogados, os últimos aumentos de tarifas dos EUA significam que as remessas da China para os EUA cairão mais da metade nos próximos anos”, disse Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na Capital Economics.
Segundo analistas da Huatai Futures, estão previstas 26 viagens canceladas entre China e Estados Unidos entre 14 de abril e 11 de maio, com redução de quase 40% na capacidade de transporte de contêineres nesse período.
Diante desse cenário, Julian Evans-Pritchard, economista-chefe da China na Capital Economics, avalia que as exportações chinesas para o mercado americano devem sofrer um colapso, o que pode levar a uma retração de até 1,5% no PIB (produto interno bruto) chinês, dependendo da capacidade de redirecionamento das vendas externas.
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