Mesmo sob o risco de minas terrestres, bombardeios e drones armados, equipes ucranianas de voluntários seguem em atividade para recuperar corpos de soldados russos deixados no campo de batalha. As operações ocorrem em áreas como Krasnopillya, na região de Donetsk, onde os confrontos mais intensos ocorreram em 2022. A missão é recuperar os restos mortais, tentar identificar os mortos e prepará-los para possível repatriação ou troca, segundo a rede Radio Free Europe (RFE).
“Há uma pessoa aqui, outra ali. As partes do corpo estão completamente espalhadas”, descreveu Oleksiy Yukov, chefe da organização Platsdarm, durante uma busca em campo aberto, onde dois corpos russos permaneciam abandonados desde um ataque frustrado à linha Dolyna-Krasnopillya. “Foi aqui que a 95ª Brigada os deteve antes que alcançassem Slovyansk”, contou.

O trabalho é feito com pressa e cautela. Não há tempo para distinguir nacionalidades ou investigar a identidade dos mortos no campo. “Você pega quem vê primeiro. Não dá tempo de saber se é nosso ou deles. Você agarra o corpo e corre”, descreve o voluntário.
A operação na região de Dolyna-Krasnopillya, onde ocorreram combates intensos no início da invasão em 2022, é um dos muitos exemplos do trabalho minucioso e perigoso realizado por esses grupo, que relata uma piora nas condições de segurança nos últimos meses.
“Agora está quase impossível trabalhar”, diz Artur, outro voluntário da equipe. “Antes a gente conseguia se mover com cobertura de nuvens ou chuva. Agora está arriscado demais. Já fomos atingidos antes.”
Na ausência de documentos ou identificação formal, os voluntários se apegam a detalhes mínimos: uma cruz, um anel, uma tatuagem. Qualquer elemento que possa permitir o reconhecimento pelos familiares. Mesmo diante da brutalidade da guerra, a missão de devolver os corpos — de ambos os lados — permanece como um dos poucos atos humanitários possíveis no front.
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