Em um novo capítulo da guerra comercial entre EUA e China, Pequim suspendeu a compra e entrega de aeronaves da fabricante americana Boeing, segundo informações da Bloomberg. O governo de Xi Jinping também criou novos controles de exportações para metais e ímãs usados em tecnologias de defesa e energia nos EUA.
Segundo o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, as restrições para seis metais de terras raras vão resultar em uma pausa nas exportações da China – causando problemas nas cadeias de produção americanas.
Um dos setores mais atingidos será o militar, já que a fabricação de armamentos, drones e outros itens depende dos minerais chineses. Pequim detém 61% da produção global dos metais, enquanto os americanos produzem apenas 15%.
Empresas de tecnologia, como Apple e Nvidia, também seriam afetadas pelo uso do minério na produção de chips. Um bloqueio nas exportações chinesas seria capaz de paralisar as fabricações de placas de vídeo e smartphones.
Pequim também bloqueou a compra de aviões fabricados pela Boeing. A empresa é a maior exportadora dos Estados Unidos e já passa por dificuldades financeiras e operacionais que prometem ser agravadas pelo bloqueio.
Isso porque a China é uma grande fatia do mercado da aviação. Dos 130 aviões entregues pela montadora neste ano, 18 foram destinados às companhias aéreas da China. E até 2030, 5% da produção da Boeing seria destinada a Pequim. Um bloqueio às entregas seria ainda mais custoso, já que é quando a fabricante recebe a maior parte dos pagamentos.
A Boeing já sofria com impactos da primeira guerra comercial de Trump, em 2019, quando também viu reduzir a quantidade de encomendas chinesas. Desde esse período, a empresa acumulou US$ 51 bilhões em prejuízos.
O bloqueio das compras chinesas fez as ações da Boeing recuarem mais de 2% nos índices de Nova York. Por sua vez, os papéis da brasileira Embraer e da francesa Airbus, as principais concorrentes da montadora americana, fecharam em alta.
A expectativa é que a China se concentre em aeronaves das duas companhias para suprir o bloqueio. Nos últimos meses, Pequim mostrou interesse em aviões da Embraer, que já opera cerca de oitenta aeronaves no país.
A montadora brasileira tenta ocupar o espaço da aviação regional na China, dominada neste momento pelo Boeing 737.
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