O Equador conversou com os Estados Unidos sobre receber apoio na luta contra gangues criminosas, disse o presidente Daniel Noboa em entrevista exclusiva à CNN, a primeira desde a vitória nas eleições presidenciais de domingo (13).
“Há planos… tivemos conversas, tínhamos opções que gostaríamos de seguir. E agora precisamos apenas de outra reunião, pós-eleição, agora como presidente eleito, para consolidá-la”, afirmou Noboa a Fernando del Rincón, da CNN, na terça-feira (15).
O Equador vem solicitando apoio militar estrangeiro há meses, afirmando que sua luta contra gangues é uma “guerra transnacional” que requer a contribuição de vários países.
Noboa disse que, embora seu governo “adoraria ter” forças americanas no Equador, ele insistiu que elas não estariam patrulhando as ruas. Em vez disso, desempenhariam um papel de apoio nas operações de segurança do Equador.
“Gostaríamos de cooperar com as forças americanas, e acredito que há muitas maneiras de fazer isso, especialmente monitorando operações ilegais que partem do Equador, mas o controle das operações estará nas mãos de nossos militares e policiais”, afirmou.
O Equador vem preparando o terreno para a chegada das forças americanas, de acordo com os planos obtidos pela CNN. Uma autoridade equatoriana de alto escalão familiarizada com o planejamento disse à CNN no mês passado que o país está construindo uma nova base naval na cidade costeira de Manta, com a expectativa de que ela “seja eventualmente ocupada por tropas americanas”.
Os EUA já realizaram operações na área. De 1999 a 2009, realizaram voos de vigilância visando rotas de drogas no Pacífico Oriental na extinta Base Aérea de Manta.
Noboa disse à CNN na terça-feira que busca reformar a constituição para permitir a presença militar estrangeira no país novamente e está aberto a ter bases militares para ajudar a controlar operações ilegais, como tráfico de drogas, pesca ilegal e mineração.
“Isso ajudaria a manter a paz… como fizemos no passado com a base de Manta”, afirmou.
Ele disse que os EUA estavam esperando até o resultado da eleição de domingo para retomar as negociações.
Noboa venceu a votação contra a advogada de esquerda Luisa González, tendo feito campanha com a promessa de restaurar a segurança com uma abordagem linha-dura e revitalizar a economia.
Noboa, que nasceu e foi educado nos Estados Unidos, tem tentado aumentar a cooperação com Washington em várias questões – do comércio à migração.
Em relação à imigração, ele diz que quer melhorar as condições de vida no Equador para incentivar os equatorianos a permanecerem no país, em vez de migrarem para os EUA.
Questionado se seu relacionamento com o presidente dos EUA, Donald Trump, é comparável ao que Trump cultiva com o presidente Nayib Bukele, de El Salvador – que concordou em acolher migrantes deportados dos EUA acusados de crimes violentos – Noboa disse que sua situação é diferente.
“Meu caso é diferente do caso de El Salvador. E nós dois nos respeitamos. Nós dois nos apoiamos, mas, ao mesmo tempo, temos realidades diferentes. E precisamos analisar as coisas de acordo com cada país”, afirmou, observando que convidou Trump e Bukele para sua posse em 24 de maio.
Questionado se outra reunião com autoridades americanas estava no horizonte, ele respondeu: “Sim, acho que mais cedo do que tarde”.
A polícia nacional afirma que o início do ano foi o mais violento da história do país, com mais de 2.500 homicídios. Dados do centro de pesquisa sobre crime organizado InSight Crime sugerem que o Equador tem a maior taxa de homicídios da América Latina, com quase o dobro de mortes em relação ao México.
O aumento foi impulsionado por rotas de tráfico de drogas, disputas territoriais e alianças entre gangues locais e cartéis estrangeiros.
Em março, Noboa também anunciou uma “aliança estratégica” para combater o crime organizado com Erik Prince, fundador da controversa empresa privada de defesa anteriormente conhecida como Blackwater.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Noboa à CNN: Equador “adoraria” ter ajuda dos EUA na luta contra gangues no site CNN Brasil.