Donald Trump x Harvard: entenda as retaliações contra universidades

No mesmo ritmo desde que voltou ao posto de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump estreia mais um episódio de seus embates políticos: a batalha contra instituições educacionais.

Na última segunda-feira, 14, o republicano anunciou o congelamento de 2,2 bilhões de dólares (R$ 12,85 bilhões, na conversão atual) em fundos federais para a Universidade de Harvard – uma das mais prestigiadas do mundo. No dia seguinte, 15, retaliações continuaram a preencher as declarações de Trump, que ameaçou retirar vantagens fiscais da entidade.

A guinada contra Harvard não é por acaso, nem um evento isolado. A instituição se recusou a acatar uma série de exigências feitas pelo presidente em relação à questões ideológicas e de diversidade.

“Nossos valores não estão à venda”, disse o conselho editorial do The Crimson, uma publicação de Harvard, sobre as represálias de Trump.

Confronto de princípios

Com desavenças herdadas do primeiro mandato, Donald Trump tem o costume de impor demandas contra a Universidade de Harvard e outras instituições educacionais, sempre sobre ameaças orçamentárias.

Entre as ordens do republicano estão exigências de que as faculdades acabem com suas políticas DEI (diversidade, equidade e inclusão) e combatam com mais força os protestos relacionados à Guerra de Gaza – alegando que há “antissemitismo” nos campus universitários onde as manifestações foram realizadas. Na última sexta-feira, 11, o governo americano chegou a enviar uma carta à Harvard demandando redução no poder de alunos e professores sobre os assuntos internos da instituição.

Além disso, Trump exige controle na admissão de alunos, presença de segurança no campus com o poder de prender “agitadores” e ordena a revisão de estudos regionais, especialmente aqueles relacionados ao Oriente Médio e a Israel.

“Talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar promovendo a ‘doença’ inspirada em política, ideologia e terrorismo? Lembre-se, o status de isenção fiscal depende totalmente de agir no interesse púbico”, disse o presidente republicano em sua rede Truth Social.

A resposta da universidade também se deu por uma carta, dessa vez assinada pelo reitor de Harvard, Alan Garber, afirmando que a universidade “não abandonará sua independência ou seus direitos garantidos pela Constituição”.

“Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar às universidades privadas o que elas podem ensinar, quem elas podem recrutar e contratar, ou quais tópicos elas podem pesquisar”, afirmou.

Harvard não é a única instituição que foi coagida pelas demandas da Casa Branca – com destaque para a Universidade de Columbia, que foi obrigada a ceder ao presidente após retaliações orçamentárias. A Universidade da Pensilvânia, a Brown University e a Universidade de Princeton também estão com as verbas bloqueadas até que cumpram ordens de Trump.

Recursos de Harvard

A Universidade de Harvard, situada na cidade de Cambridge, em Massachusetts, é uma das mais renomadas do globo. Apesar de possuir benefícios federais, a instituição é privada, contando com recursos de diferentes fontes.

Na última semana, o Departamento da Educação dos EUA anunciou o congelamento de 2,2 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 13 bilhões) em subsídios durante vários anos e a rescisão de contratos plurianuais por 60 milhões de dólares (R$ 350 milhões) contra Harvard. Já no final de março, o governo americano anunciou que considera privar a faculdade de cerca de 9 bilhões de dólares (cerca de R$ 52 bilhões) em subsídios federais.

As verbas e isenções fiscais possuídas por Harvard são essenciais para o financiamento de pesquisas e funcionamento da instituição como um todo, mas não configuram a maior porcentagem de seu orçamento. Segundo um relatório de 2020 divulgado pela própria universidade, a maior parte dos recursos educacionais tem origem filantrópica.

Donald Trump x Harvard: entenda as retaliações contra universidades

Gráfico do relatório da Universidade de Harvard

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