Taiwan acusa o Camboja de ceder à pressão da China na deportação de taiwaneses detidos

Taiwan denunciou que dezenas de seus cidadãos detidos no Camboja foram deportados para a China sem qualquer notificação oficial ao governo taiwanês, que sequer foi informado da identidade dos presos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da ilha, o governo cambojano agiu sob pressão de Beijing e descumpriu pedidos para que os suspeitos fossem enviados ao território de origem, onde poderiam responder judicialmente conforme normas internacionais. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

As detenções ocorreram em 31 de março, quando cerca de 180 taiwaneses e sete chineses foram capturados em operações contra um centro de fraudes online instalado na capital cambojana, Phnom Penh. No dia seguinte, Taiwan foi notificado sobre as prisões e iniciou contatos com o governo do Camboja por meio de seu escritório em Ho Chi Minh, no Vietnã.

Bandeira de Taiwan em praça pública de Taipé, outubro de 2019 (Foto: Divulgação/Uming Photography)

Apesar das tratativas diplomáticas, o Camboja transferiu os suspeitos para China entre a noite de domingo (13) e a manhã de segunda-feira (14), sem divulgar quaisquer dados pessoas dos indivíduos.

“O Camboja, sob pressão da China, não forneceu uma lista dos nacionais do nosso país nem o número total de deportados, e o ministério não apenas continua a instar o Camboja a fornecer a lista o mais rápido possível, como também expressa sua séria preocupação e protesto”, afirmou a diplomacia de Taiwan.

Autoridades taiwanesas já haviam solicitado formalmente que o Camboja fornecesse os nomes dos detidos e permitisse sua deportação para Taiwan. O país alega que, ao ignorar esse pedido, o governo cambojano descumpre padrões internacionais e dificulta a responsabilização dos envolvidos.

Casos semelhantes ocorreram anteriormente, com cidadãos taiwaneses sendo enviados à China após prisões no exterior, em países como Quênia e Espanha. Segundo estimativas do governo de Taipei, mais de 600 taiwaneses acusados de envolvimento em fraudes online foram deportados para a China entre 2016 e maio de 2024.

As operações fraudulentas têm se expandido no Camboja, que se tornou um centro regional de esquemas de tráfico humano e trabalho forçado, conduzidos por redes criminosas chinesas. Segundo reportagens locais, muitos alvos desses golpes são atraídos por falsas ofertas de emprego e obrigados a operar golpes digitais.

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