O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou oito dias em greve de fome nesta quinta-feira, 17, após o Conselho de Ética da Câmara recomendar sua cassação. Durante o período, o parlamentar consumiu apenas bebidas isotônicas e perdeu mais de quatro quilos. As 180 horas sem se alimentar trazem prejuízos ao corpo, mas é possível que um ser humano fique mais tempo que isso em jejum.
De acordo com o nutrólogo Andrea Bottura, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o corpo humano não suporta aproximadamente 30 dias sem alimentos, mas o jejum traz vários prejuízos como fraqueza extrema, confusão mental e alterações metabólicas.
“Uma diminuição de potássio pode eventualmente causar problemas cardíacos. O nosso organismo tenta se adaptar entrando em um modo de economia, mas isso tem uma capacidade até um certo ponto”, comenta o médico, ressaltando que não se pode incentivar alguém a ficar sem comer.
+ Líder do PL na Câmara diz que ‘pessoalmente’ é contra a cassação de Glauber Braga
+ PlatôBR: PSOL esquece divisão interna e se une para tentar salvar Glauber Braga
“Evidentemente, colocar o organismo em uma situação de estresse como ficar um tempo prolongado sem se alimentar pode acarretar prejuízos”, explica Bottura, acrescentando que uma pessoa em jejum deve se manter “no mínimo hidratada”, já que a água é “absolutamente essencial” para preservar o pleno funcionamento do corpo humano.
Glauber Braga está sem falar com a imprensa para poupar energia, saindo do “acampamento” que estabeleceu na Câmara dos Deputados apenas para tomar Sol e ser analisado por um médico duas vezes ao dia.
Segundo Bottura, alguns fatores como a idade, estado de saúde adequado e a condição física também exercem influência sobre o período que um ser humano pode ficar em jejum. “Uma pessoa que estava com uma situação clínica prejudicada, que tem insuficiência renal ou hipertensão arterial sistêmica, aumenta o risco”, completa.
Conforme o médico, o clima também traz impactos no período de duração do jejum de uma pessoa. “Uma temperatura elevada favorece a desidratação, […] um elemento que pode piorar ainda mais uma situação crítica, difícil e complicada como ficar um tempo sem se alimentar.”
Cassação de Glauber Braga
Glauber responde por quebra de decoro por agredir um militante que ofendeu a mãe dele nos corredores do parlamento.
O processo contra Glauber Braga foi aberto em 2024 e se deve a um episódio em que Glauber expulsou da Câmara o influenciador Gabriel Costenaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), aos chutes. Costenaro havia feito insinuações sobre a ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ), Saudade Braga, que estava doente e faleceu 22 dias após o ocorrido.
Glauber disse em diferentes sessões do Conselho de Ética que o relatório do caso foi “comprado” pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que exercia o cargo no ano passado. Glauber ainda chamou Lira em diferentes oportunidades de “bandido”.
*Com informações da Agência Brasil e do Estadão