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Poesia, dança, estamparia… Na Amazônia, o fazer artístico se mistura com a luta política na defesa da floresta e de seus diversos modos de vida.
O quinto episódio do podcast Trilhas Amazônicas traz exemplos de artistas diversos que fazem do seu trabalho uma expressão política de reafirmação da própria existência.
Tiago Haki, é poeta e escritor indígena. Para ele a palavra indígena precisa estar evidenciada:
“Eu moro no coração da floresta amazônica em um município chamado Barreirinha. Nasci numa comunidade chamada Freguesia do Andirá. À margem de um maravilhoso rio que eu costumo dizer que corre em minhas veias. Um rio carregado de memórias, um rio carregado de histórias. E é onde vive o povo Mawé, do qual eu faço parte, de onde eu descendo.”
Os versos de Hakiy levam o leitor para o coração da floresta amazônica. Durante alguns instantes, somos parte da festa, dançamos, provamos peixes e sucos típicos da região.
Saindo da palavras, vamos ao Bumbódromo, em Parintins, no Amazonas, recebe o desfile dos bois Caprichoso e Garantido, num duelo do azul e do vermelho, que dura três noites. O espetáculo se destaca pelas cores, luzes, vestimentas, adereços, danças e músicas. Mas os impactos não são apenas estéticos e sensoriais.
Marciele Albuquerque, indígena do povo Munduruku e cunhã-poranga do Boi Caprichoso, o boi negro que carrega a cor azul. Segundo a tradição, a cunhã-poranga é a “moça bonita, guerreira e guardiã, que expressa a força através da beleza”. Mas Marciele garante que os atributos no festival vão muito além de ser bonita.
“Quando a gente vai pra arena, a gente quer fazer mais que uma apresentação, mais que um movimento de dança difícil ou um surgimento espetaculoso. A gente quer, realmente, protestar através da nossa dança, através do nosso olhar, ver potência, ver força. Então, que seja além da mulher, do físico, sabe, ver a força que a gente carrega, a ancestralidade. E eu, dentro da arena, antes era representação indígena, hoje eu sou representatividade.”
Nossa última história é sobre uma trans amazônica. Maria Flor, com 25 anos, é uma artista multifacetada, faz intervenções de impacto, cria biojóias e roupas.
Nascida e criada nas margens do Rio Tapajós, Maria Flor define o próprio corpo como “território e ferramenta de comunicação”. Por meio da moda, com performances, apresentações e desfiles, ela conecta a prática artística com os direitos das pessoas transgêneras e os povos da Amazônia. Unindo arte, política e meio ambiente, desde 2016.
“Ali começam as minhas inquietações, não só por essa perspectiva enquanto identidade, mas enquanto território também… Isso me fez criar uma identidade chamada Mulambra, que eu entendi na época enquanto uma energia ancestral que vinha para questionar essas situações que aconteciam, né. O quanto era naturalizado uma casa de garimpo na orla da cidade e um corpo travesti não, saca? Um corpo travesti é demonizado, expulso de casa, não acessa as educações, não está nos cursos de saúde, não está no mercado de trabalho formal.”
No próximo episódio, vamos falar das ações educativas para conscientizar os moradores da floresta e das áreas urbanas sobre a importância do cuidado com o meio ambiente.
O podcast Trilhas Amazônicas é uma parceria entre a Agência Brasil e a Radioagência Nacional. A série abre o ano da Trigésima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, a ser realizada em Belém, em novembro. Serão sete episódios publicados toda sexta-feira na Radioagência Nacional e nos tocadores de áudio.
Você pode conferir, no menu abaixo, a transcrição do episódio, a tradução em Libras e ouvir o podcast no Spotify, além de checar toda a equipe que fez esse conteúdo chegar até você.
*A equipe viajou a convite da CCR, patrocinadora do TEDxAmazônia 2024.
PODCAST Trilhas Amazônicas– Episódio 5: Arte e política
VINHETA: Trilhas Amazônicas
SOBE SOM 🎶
EPISÓDIO 5: Arte e política
SOBE SOM 🎶
TIAGO: A poesia sempre esteve presente na Amazônia, no canto dos pássaros, no abraço da brisa, no murmúrio das águas dos rios.
PASSAGEM 🎶
MARCIELLE: Eu não represento, eu estou indígena, eu estou cunhã-poranga. Então, é isso que eu quero mostrar, a nossa força e a nossa voz. O corpo político é muito mais que a dança, é a força e a ancestralidade.
PASSAGEM 🎶
MARIA FLOR: Então, quando tu vê uma camisa com uma estampa de onça, por exemplo, e a gente está com um animal desse em extinção, é trazer essa lembrança, é fazer essa demarcação que isso aqui está aqui, que isso aqui é nosso. É lembrar que essa identidade, é fazer que essa identidade, ela seja exaltada, né?
RAFAEL: Poesia, dança, estamparia… Na Amazônia, o fazer artístico se mistura com a luta política na defesa da floresta e de seus modos de vida. MODOS, no plural mesmo.
TIAGO: A Amazônia é um Brasil inteiro de diferenças.
RAFAEL: Olá, eu sou Rafael Cardoso, repórter da Agência Brasil, e este é o quinto de sete episódios do podcast Trilhas Amazônicas. Hoje, vamos trazer artistas que fazem do seu trabalho uma expressão política de reafirmação da própria existência. Vamos começar pela arte das palavras, com Tiago Hakiy.
TIAGO: Eu sou poeta e escritor indígena. A palavra indígena precisa estar evidenciada porque eu falo sobre minha cultura e minha tradição. Eu moro no coração da floresta amazônica em um município chamado Barreirinha. Nasci numa comunidade chamada Freguesia do Andirá. À margem de um maravilhoso rio que eu costumo dizer que corre em minhas veias. Um rio carregado de memórias, um rio carregado de histórias. E é onde vive o povo Mawé, do qual eu faço parte, de onde eu descendo.
RAFAEL: Os versos de Hakiy levam o leitor para o coração da floresta amazônica. Durante alguns instantes, somos parte da festa, dançamos, provamos peixes e sucos típicos da região. Bem diferente do que ele lia na escola quando criança.
TIAGO: Uma das formas também que me levaram a escrever um pouco da nossa história, da nossa realidade, da nossa vivência, é porque na escola eu sempre encontrei livros que não tinham nada a ver com a minha realidade. Então, eu encontrava livros que falavam sobre tubarão, e eu nunca vi tubarão naquela época, nem televisão que não tinha. De frutas era maçã, era morango, era pera, frutas que não tinham nada a ver com a minha realidade, que eu nunca tinha comido sequer. Peixes também, que nunca fez parte da nossa ictiofauna amazônica. Então, eu me sentia um perdido na literatura que nos enviavam para as escolas quando eu era pequeno. Então, quando eu escrevo hoje, eu escrevo pensando nos meninos e nas meninas, nos curumins e nas cunhatãs, nascidos iguais a mim, como ia dizer o Tiago de Mello. Nascido no meio da floresta, que andam de canoa, eu escrevo com elementos locais, para que o aluno possa se sentir naquela canoa que está na história, para que o leitor possa se sentir comendo aquele peixe tambaqui com farinha que nós comemos aqui. E não um atum que nunca vi, mas que está no livro lá. Então, quando eu escrevo, eu escrevo pensando na nossa realidade. Eu escrevo pensando em nos dizer, em nos contar.
RAFAEL: Eu escrevo pensando em nos contar… Mas ele próprio admite que nem sempre escreveu com o propósito de afirmar sua identidade indígena.
TIAGO: Eu costumo dizer que não tem como não ser poeta quando você nasce num paraíso. E a região amazônica é pura poesia visual. Não é difícil você se inspirar quando você vive aonde eu vivo. Então, a partir dos 19 anos eu mudei para Manaus, onde eu fui cursar a universidade. E é onde eu tive a possibilidade de lançar o meu primeiro livro de poesias. E eram livros que não falavam da minha realidade cultural, da minha realidade indígena. Era mais poemas idílicos sobre a Amazônia. Um encontro com um escritor chamado Daniel Munduruku, do povo Munduruku, por sinal, um dos precursores da literatura indígena no Brasil. Esse movimento que cada vez cresce mais. Ele veio a um evento literário em Manaus, onde eu estava. Dei o meu livro de presente a ele. E ele, logicamente, visualizou que não tinha nada a ver com a minha origem ancestral. Então, ele me disse assim, Tiago, por que você não escreve sobre o teu povo? Sobre de onde tu és, tua origem, tua ancestralidade? Porque se nós não continuarmos, se nós não escrevermos sobre o que nós somos, sobre os nossos povos, o apagamento cultural vai continuar acontecendo.
RAFAEL: Hakiy também entende hoje a poesia como um instrumento político, capaz de gerar empatia de outras pessoas e engajá-las na luta pelos direitos dos povos indígenas e pela preservação da floresta.
TIAGO: Então, logicamente, em determinados momentos é necessário falar, é necessário dizer, é necessário gritar. Quando a gente começa a ter uma voz mais ativa, nós não podemos mais ficar silenciados. É necessário sim dizer algo. É necessário expressar nossas dores, porque o mundo não pode olhar só para a Amazônia e imaginar uma floresta e esquecer o povo que vive nela. Que o ser humano, que são as culturas indígenas que, ao longo de séculos e séculos, cuidaram de uma forma harmônica, convivendo com toda essa biodiversidade amazônica, sem destruí-la.
RAFAEL: O escritor tem 17 obras publicadas, além de participação em diversas antologias. Incluindo Apytama, organizada por Kaká Werá, que venceu o Prêmio Jabuti na categoria Livro Juvenil. Mas falta distribuição, para essas obras chegarem aos leitores dentro das escolas e comunidades indígenas.
TIAGO: E para que esses livros sejam comprados, é necessário que haja políticas governamentais com editais direcionadas para a compra desses livros, para que esses livros sejam direcionados para as comunidades indígenas. E há de se levar em consideração também que cada comunidade indígena no Brasil tem a sua particularidade. Porque cada povo indígena tem a sua história de origem, tem a sua cosmologia, tem a sua alimentação, tem a sua forma de viver. Então, quando eu escrevo um livro falando da minha cultura, da minha tradição, com as poéticas que narram a minha realidade, não é a mesma realidade que a vivência de um povo indígena do sul do Brasil, do centro do Brasil. Então, essas particularidades, quando os governos compram esse livro para encaminhar para as comunidades, elas devem também ser pensadas.
SOBE SOM – Música do Boi Caprichoso 🎶
RAFAEL: Saindo das palavras, vamos agora para a expressão de corpo inteiro, em uma festa que acontece todo mês de junho, em Parintins, estado do Amazonas, quase divisa com o Pará. O Bumbódromo recebe o desfile dos bois Caprichoso e Garantido, num duelo do azul e do vermelho, que dura três noites. O espetáculo se destaca pelas cores, luzes, vestimentas, adereços, danças e músicas. Mas os impactos não são apenas estéticos e sensoriais.
MARCIELE: Com certeza, a arte desperta o senso político. Quando você está na arte, você começa a questionar. Através do questionamento, você começa a buscar respostas, começa a querer lutar por algo, por um lado. Foi assim que despertou o meu. Ninguém chegou sendo a política tradicional, direta. Então, através da arte, consegui ter esse senso bem crítico que a gente consegue ver, vamos lutar coletivamente, qual é o nosso lado. Eu não estou nessa situação, mas as pessoas que eu estou acompanhando estão, então eu vou me unir, eu vou lutar por elas. Então, a arte tem essa força de unir e lutar coletivamente, de uma forma mais leve, e até furar bolhas.
RAFAEL: Essa é Marciele Albuquerque, indígena do povo Munduruku e cunhã-poranga do Boi Caprichoso, o boi negro que carrega a cor azul. Segundo a tradição, a cunhã-poranga é a “moça bonita, guerreira e guardiã, que expressa a força através da beleza”. Na disputa no Bumbódromo, ela é avaliada pelos jurados em critérios como beleza, simpatia, roupas e movimentos. Mas Marciele garante que os atributos no festival vão muito além de ser uma mulher bonita.
MARCIELE: Quando a gente vai pra arena, a gente quer fazer mais que uma apresentação, mais que um movimento de dança difícil ou um surgimento espetaculoso. A gente quer, realmente, protestar através da nossa dança, através do nosso olhar, ver potência, ver força. Então, que seja além da mulher, do físico, sabe, ver a força que a gente carrega, a ancestralidade. E eu, dentro da arena, antes era representação indígena, hoje eu sou representatividade.
RAFAEL: Nascida em Juriti, no Pará, ela mora atualmente em Manaus. É formada em administração e ativista contra as mudanças climáticas e a fome. Já participou de eventos como a Semana do Clima da ONU em Nova York e da Conferência da Juventude pelo Clima, promovida pela FAO, em Roma. Quando se trata da defesa da floresta e de buscar soluções para a crise climática, a cunhã-poranga do boi azul garante que até a rivalidade com o boi vermelho, o Garantido, é superada.
MARCIELE: Sem dúvida, os dois bois vêm abrangendo temas que a gente vem sofrendo com uma crise climática mesmo, trazendo figuras importantes para que possam ter mais força na sua voz, nem ter visibilidade, é ter força de voz. Então, esse espaço cultural e na arte é deles também, não só na linha de frente das batalhas. Então, os dois bois estão muito em contexto do que está acontecendo, então isso é muito importante, eles estarem dentro da arena, mas fora também ter o posicionamento, ter o esclarecimento das causas. A gente tem esse apego à abordagem da Amazônia, da preservação dos povos tradicionais, então eles têm que estar inseridos no festival. Então, acho que a mensagem é essa, abrir espaço das pessoas que nós falamos, nunca mais falar de nós sem nós.
SOBE SOM 🎶
RAFAEL: Nossa última história desse episódio é sobre uma trans amazônica.
MARIA FLOR: Meu nome é Maria Flor, eu tenho outros nomes artísticos, né, como Mulambra, também. Que eu faço intervenções de impacto. E tenho o meu nome de território, né, que é Mucura. Mas pode me chamar de Maria Flor, tudo bem, tranquilo. Tenho 25 anos, sou travesti periférico. Eu sou daqui de Santarém, Pará, e eu trabalho com arte independente. Já fiz biojóia, faço produção artística em evento. Também agora eu tô trabalhando com roupa. Não necessariamente eu sou essas coisas, assim, mas eu faço bastante coisa, tudo que envolve a natureza, assim. Eu tô em Belém do Pará.
RAFAEL: Nascida e criada nas margens do Rio Tapajós, Maria Flor define o próprio corpo como “território e ferramenta de comunicação”. Por meio da moda, com performances, apresentações e desfiles, ela conecta a prática artística com os direitos das pessoas transgêneras e os povos da Amazônia. Unindo arte, política e meio ambiente, desde 2016.
MARIA FLOR: Ali começam as minhas inquietações, não só por essa perspectiva enquanto identidade, mas enquanto território também. Porque eu via muita degradação, eu via umas balsas pegando nossa água nos nossos rios, sabe? Aqueles grandes navios, vindo do exterior também, porque lá em Santarém começa e termina a BR-163, né, que corta o Brasil. Então a gente vê chegando muita soja, muito milho, muita tora de árvore, madeira, muita bauxita, muito ferro. Tudo que é extraído daí de dentro da floresta. E aí foi quando eu comecei a fazer intervenções visuais sobre esse território que estava sendo poluído, né, misturando com essa perspectiva do que era o corpo também, né. Isso me fez criar uma identidade chamada Mulambra, que eu entendi na época enquanto uma energia ancestral que vinha para questionar essas situações que aconteciam, né. O quanto era naturalizado uma casa de garimpo na orla da cidade e um corpo travesti não, saca? Um corpo travesti é demonizado, expulso de casa, não acessa as educações, não está nos cursos de saúde, não está no mercado de trabalho formal.
RAFAEL: A artista fez da estamparia manual um símbolo de resistência, conscientização e empoderamento. Peças únicas, produzidas à mão e inspiradas na fauna e flora da Amazônia, viraram um manifesto contra o desmatamento e a poluição.
MARIA FLOR: As pessoas começaram a pedir essas roupas também, que eu fazia pra essa energia falar, saca? E como era ligado a essas intervenções de impacto sobre a natureza diretamente, e o que tava acontecendo, a poluição dos rios, os igarapés sumindo, sendo assoreados, pra fazer grandes shoppings e indústrias, sabe? Virando esgoto os igarapés. As pessoas começaram a querer usar essas roupas, então se tornou também um trabalho onde eu faço estamparia manual. Por essas expressões, sabe? Sobre essa cultura que tá sendo morta, sabe? Essa cultura que tá sendo apagada, que é a cultura dos nossos ancestrais, né? Que é a cultura dos nossos mais velhos, donos desse território que estão aqui há muito tempo. Que tudo isso é muito oral. E aí eu pude entender que aqui que faz a amarração da coisa, né? Que eu uso a moda como ferramenta de comunicação, melhor dizendo, sabe? E aí eu desenvolvo a estamparia através dessas intervenções de impacto que acabam acontecendo na sociedade, na natureza, enquanto esse corpo.
RAFAEL: Outro foco de Maria Flor é o que ela chama de “pedagogia do lixo”. Reconstruir peças a partir de roupas de segunda mão e materiais reciclados.
MARIA FLOR: E aí, essa é uma forma também que eu tive de pensar junto com as minhas, dentro dos meus territórios de periferia, o upcycling, a pedagogia do lixo também. Quando a gente fala sobre reconstruir essas peças, então tudo que eu faço, eu faço também reconstruindo de roupas já prontas, que tá aí já em brechó, de segunda mão, ou que é de lugar de descarte. Eu pego esses tecidos e reconstruo ele através da estamparia, contando uma outra história, né? E aí eu faço com que as pessoas que acessem isso saibam da onde vem também essas roupas, entende? É uma crítica também a entender se a gente sabe da onde tá vindo o que a gente tá vestindo, enquanto a gente fala sobre território, enquanto a gente defende a Amazônia, saca? E a gente tá comprando coisas que tá financiando o garimpo, que tá financiando o desmatamento na Amazônia, às vezes, sem perceber, sem saber. Então tudo isso tá amarrado de uma certa forma enquanto comunicação, enquanto performance artística e a própria inquietação da identidade travesti.
RAFAEL: Lembrando que não existe “jogar fora” quando se trata do planeta Terra. O seu lixo vai parar em algum lugar. Longe da vista, longe do coração? O que não pode ser visto, é simplesmente esquecido? Da Amazônia, partem as mensagens de socorro, para que a floresta continue de pé. E com ela, as condições para a vida humana na Terra.
TIAGO: Porque só vai sentir a floresta, só vai saber o que é a Amazônia quando se aprende a conhecê-la, quando se aprende a vivenciá-la. A gente percebe muitos fóruns em vários lugares do Brasil e do mundo onde as pessoas que estão discutindo a Amazônia nunca vieram aqui. Nunca tomaram banho de rio, nunca caminharam por uma trilha, nunca sequer sentiram uma ferrada de um inseto aqui da floresta. Então, para você falar de Amazônia, você tem que vivenciá-la. E uma das formas que as pessoas que não podem ter acesso ao nosso lugar, não podem vir aqui, uma das formas que as pessoas podem vivenciar a Amazônia é através dos livros que os indígenas estão escrevendo, os que moram aqui. Porque tudo que foi dito antes sobre os povos indígenas era escrito por um olhar exterior. Agora nós temos a possibilidade de nos contar, de nos dizer.
PASSAGEM 🎶
MARIA FLOR: Hoje a gente tem a Gabi Amaranto com o Grammy, né? E ela fala muito sobre isso. A gente tem a Joelma que fala muito sobre isso. Então, esse meu trabalho também fala um pouco sobre essa regionalidade, sobre o que é a gente, sabe? E quando eu vou para a rua e eu trago essas comunicações através da performance, eu falo diretamente sobre essas inquietações que a gente está sendo atingida, né? A Mulambra fala hoje sobre adaptação climática, por exemplo, né? Então, ela fala sobre como a gente lidar com as coisas, né? As roupas que eu acabo usando, os tecidos são pensados para isso, sabe? Não são tecidos quentes, não são tecidos que cobrem o corpo em algum certo tempo de calor. Então, é toda uma pesquisa, né? Dentro dessas coisas.
RAFAEL: A COP 30 será em Belém, no Pará, em novembro. Os alertas para a necessidade de cuidados extras com a Amazônia estão sendo dados há bastante tempo. Esperamos que, ao conhecerem presencialmente a floresta, os tomadores de decisão do mundo entendam a urgência da crise climática.
SOBE SOM 🎶
CRÉDITOS
RAFAEL: O podcast Trilhas Amazônicas é uma parceria entre a Agência Brasil e a Radioagência Nacional.
A equipe viajou a convite da CCR, patrocinadora do TEDxAmazônia 2024.
A reportagem, entrevistas e apresentação foram minhas, Rafael Cardoso.
Adaptação, roteiro, edição e montagem de Akemi Nitahara.
Coordenação de processos e supervisão de Beatriz Arcoverde, que também faz a implementação web junto com Lincoln Araújo.
Mara Régia gravou a vinheta e os títulos dos episódios
A trilha sonora original foi composta para nós por Ricardo Vilas
Também utilizamos as músicas Japurá River, de Uakti e Philip Glass, e Málúù Dúdú – Boi Preto, toada do Boi Bumbá Caprichoso, de Adriano Aguiar, Tomaz Miranda e Gean Souza
Identidade visual da equipe de arte da EBC
RAFAEL: No próximo episódio, vamos falar das ações educativas para conscientizar os moradores da floresta e das áreas urbanas sobre a importância do cuidado com o meio ambiente.
SOBE SOM 🎶
Reportagem, entrevistas e apresentação |
Rafael Cardoso |
Edição, roteiro, adaptação e montagem | Akemi Nitahara |
Coordenação de processos e supervisão |
Beatriz Arcoverde |
Identidade visual e design: |
Caroline Ramos |
Interpretação em Libras: | Equipe EBC |
Implementação na Web: |
Lincoln Araújo e Beatriz Arcoverde |
Trilha sonora original | Ricardo Vilas |
Locução da vinheta e títulos dos episódios | Mara Régia |
Música Japurá River | Uakti e Philip Glass |
Youtube | Luciana Gatti em reunião da Comissão Especial de Prevenção e Auxílio a Desastres Naturais da Câmara, março de 2024. |

Meio Ambiente A arte atuando na defesa da floresta e de seus diversos modos de vida Rio de Janeiro 18/04/2025 – 07:15 Beatriz Arcoverde – Editora Web Rafael Cardoso e Akemi Nitahara Trilhas Amazônicas Podcasts Radioagência Nacional Especiais crise climática mudanças climáticas arte sexta-feira, 18 Abril, 2025 – 07:15 0:01