‘Tornar-se Papa não o mudou’, afirma biógrafa de Francisco

BUENOS AIRES, 21 ABR (ANSA) – Por Alejandro Di Giacomo – “O papa Francisco conduziu a Igreja Católica em duas direções. Para trás, recuperando o sentido dos Evangelhos, e para frente, ouvindo, compreendendo e abordando o mundo de hoje”, analisou Francesca Ambrogetti, biógrafa do pontífice, falecido aos 88 anos.   

O Papa argentino “deixa uma Igreja mais universal, mais inclusiva, mais transparente e muito mais comprometida com a sociedade do que no início deste século”, destacou a ex-chefe do escritório da ANSA em Buenos Aires.   

“Acredito que depois de Francisco, a Igreja dará continuidade e aprofundará esse legado”, acrescenta a especialista, que junto com Sergio Rubin é autora do livro “O Jesuíta: Conversas com o Cardeal Jorge Bergoglio”.   

Após isso, a dupla escreveu a obra “O pastor, os desafios, as razões e as reflexões de Francisco sobre seu pontificado”, por ocasião do 10º aniversário de Jorge Bergoglio no trono de Pedro.   

“A clareza e o olhar de Bergoglio sobre a Igreja e o mundo foram o que me inspirou, em 2001, quando ele era arcebispo de Buenos Aires, a pedir-lhe que escrevesse um livro que refletisse seu pensamento. O projeto foi concluído, juntamente com meu colega argentino, em 2010, após longas conversas que culminaram na primeira biografia”, lembrou Ambrogetti.   

“Me lembro que, há 24 anos, perguntei a Bergoglio qual, na sua opinião, deveria ser o perfil do Papa. Ele me respondeu sem hesitar: ‘Deve ser um pastor’. Naquele momento, eu não imaginava que ele seria aquele pastor, e que mudaria a Igreja para sempre”, acrescentou a escritora.   

Ambrogetti também afirmou que o Papa jamais deixou de ser a mesma pessoa que foi durante o período que era um religioso em Buenos Aires, na Argentina.   

“Aquele homem, que era padre em Buenos Aires, que andava de transporte público, que se aproximava dos bairros pobres, mesmo quando era arcebispo de Buenos Aires, não mudou quando se tornou Papa. Como Papa, dizia a todos que o conheciam que era o mesmo Jorge Bergoglio de sempre, só que vestido com uma cor diferente.   

E era realmente assim”, disse.   

“Como pontífice, para escrever o segundo livro, tivemos muitas reuniões, mas as lembramos como uma continuação do primeiro. Ele era realmente a mesma pessoa”, concluiu a biógrafa. (ANSA).   

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