Bernardo Uglione Boldrini foi assassinado em 2014, quando tinha 11 anos. O crime aconteceu em Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul. Mais de uma década depois, nenhum dos quatro acusados pela morte do menino cumpre pena em regime fechado.
Nesta terça-feira (22), a Polícia Penal do Rio Grande do Sul informou que Edelvânia Wirganovicz, condenada por envolvimento no crime, foi encontrada morta no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre. Ela cumpria pena em regime semiaberto. A suspeita é de suicídio.
Em 2019, o pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, foram condenados pelo júri popular.
Leandro Boldrini cumpre pena no regime semiaberto. Inicialmente, foi sentenciado a 33 anos e oito meses de reclusão por homicídio quadruplamente qualificado — motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima —, falsidade ideológica e ocultação de cadáver. Contudo, em um segundo júri, realizado em 2023, ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver. Com isso, a pena ficou em 31 anos e oito meses de prisão.
O primeiro júri foi anulado em 2021, quando a Justiça considerou que houve quebra da paridade de armas — ou seja, igualdade de tratamento entre as partes do processo — durante o interrogatório do réu.
No ano passado, Boldrini foi selecionado para uma vaga de residência médica no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Contudo, em fevereiro deste ano, teve o registro médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS) e foi desligado do hospital.
Graciele Ugulini recebeu pena de 34 anos e sete meses de prisão. Ela foi sentenciada por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. Na última quinta-feira (17), a Justiça autorizou a madrasta a ir para o regime semiaberto.
Edelvânia Wirganovicz foi condenada a 22 anos e 10 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela era amiga da madrasta de Bernardo e, além de admitir o crime, apontou o local onde a criança foi enterrada.
Edelvânia cumpria pena em regime semiaberto, no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre, onde foi encontrada morta ontem (22). Segundo informações da Polícia Penal, ela tinha “sinais de enforcamento e os indícios preliminares apontam para que a própria apenada tenha cometido o ato”. A Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias vão investigar a causa da morte. A Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário também acompanha a apuração do caso.
Em 2022, Edelvânia passou a cumprir pena em regime semiaberto. No ano seguinte, em 2023, foi determinado pela Justiça que ela cumprisse sentença em regime domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, por conta da falta de vagas no sistema prisional.
Porém, em fevereiro deste ano, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que ela retornasse ao semiaberto. A determinação ocorreu após uma reclamação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que alegou que Edelvânia não poderia receber o benefício de regime domiliciar por estar pendente o cumprimento de 50% da pena.
Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia foi condenado a nove anos e seis meses em regime semiaberto por homicídio simples e ocultação de cadáver. Ele cumpriu pena e está solto.
Relembre o crime
Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando desapareceu, em Três Passos, em abril de 2014. O corpo foi encontrado dez dias depois, enterrado em uma cova em uma propriedade às margens do rio Mico, na cidade vizinha, Frederico Westphalen.
No mesmo dia, o pai dele, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini, foram presos, suspeitos de serem o mentor intelectual e a executora do crime. Eles teriam ainda contato com a ajuda da amiga de Graciele, Edelvania Wirganovicz, encontrada morta.
Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvania, foi preso, suspeito de ser a pessoa que preparou a cova onde o menino foi enterrado. Os quatro foram submetidos a júri popular e condenados pelo Tribunal do Júri. Na ocasião, Boldrini teve o julgamento anulado e foi novamente submetido a júri popular em 2023.
Confira as penas:
- Graciele Ugulini, a madrasta, recebeu pena de 34 anos e 7 meses de prisão.
- Leandro Boldrini, o pai, foi condenado a 33 anos e 8 meses de cadeia.
- Edelvânia Wirganovicz, a amiga, foi condenada a 22 anos e 10 meses de prisão.
- Evandro Wirganovicz, o irmão da amiga, foi sentenciado a 9 anos e 6 meses em regime semiaberto.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Caso Bernardo: veja como estão os condenados 11 anos após o crime no site CNN Brasil.