SANTIAGO DO CHILE, 23 ABR (ANSA) – O chileno Juan Carlos Cruz, sobrevivente de abusos sexuais por parte de um padre e membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, disse que o papa Francisco fez “muito” para combater a pedofilia no clero, mas manifestou preocupação pelo futuro das reformas realizadas pelo finado pontífice.
“Espero que [a Igreja Católica] possa seguir uma linha similar à do papa Francisco, acho que todos estamos de acordo sobre do que o mundo precisa: mais inclusão”, declarou Cruz em uma entrevista à rádio Cooperativa, do Chile.
O chileno faz parte da comissão criada pelo Papa para enfrentar abusos sexuais por parte de sacerdotes desde 2021, após ter sido convidado com os amigos James Hamilton e José Andrés Murillo, também vítimas, para um encontro no qual Jorge Bergoglio pediu perdão pelos crimes cometidos pelo padre pedófilo Fernando Karadima (1930-2021).
“Ao longo dos anos, nos tornamos amigos”, ressaltou Cruz, acrescentando que Francisco “fez muito” para combater a pedofilia e deixou “um caminho asfaltado”. “Mas é um caminho que precisa ser aumentado. O Papa abriu uma porta que esperamos que não seja fechada”, disse.
Os abusos cometidos por Karadima, que teve seu estado clerical revogado em 2018, foram acobertados durante anos e culminaram na renúncia coletiva de todo o episcopado do Chile.
Cruz diz que suas acusações foram desacreditas inicialmente pelo fato de ele ser homossexual. No entanto o chileno diz ter ouvido do Papa as seguintes palavras em um encontro no Vaticano em 2018: “Juan Carlos, o fato de você ser gay não importa. Deus te fez assim”.
A Santa Sé nunca confirmou nem desmentiu a declaração.
(ANSA).