Governo da Índia promete reação dura após ataque que matou turistas na Caxemira

O ataque que deixou ao menos 26 mortos em uma área turística da Caxemira administrada pela Índia colocou Nova Délhi em alerta e abriu espaço para uma série de medidas de resposta que estão sendo debatidas no alto escalão do país. O primeiro-ministro Narendra Modi interrompeu compromissos no exterior e se reuniu com o conselheiro de segurança nacional Ajit Doval, o ministro das Relações Exteriores S. Jaishankar e líderes das forças de segurança para discutir o caminho a seguir. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

“Os responsáveis por este ato hediondo serão levados à justiça… Nossa determinação em combater o terrorismo é inabalável e ficará ainda mais forte”, afirmou Modi em publicação na rede social X.

Além das declarações oficiais, o episódio gerou pressões internas sobre o governo, que vinha promovendo a região da Caxemira como símbolo de estabilidade e crescimento turístico após anos de insurgência. O ex-chefe da polícia de Jammu e Caxemira, A. K. Suri, foi categórico ao dizer que o ataque “lançou uma sombra sobre a narrativa de normalidade e turismo em expansão que o governo tentava consolidar”.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em reunião do BRICS (Foto: Kremlin/WikiCommons)

Nos bastidores, segundo relatos de autoridades, as forças de segurança indianas conduzem uma operação de busca pelos envolvidos no massacre e discutem a possibilidade de ações militares direcionadas. O grupo militante A Frente de Resistência (TRF, na sigla em inglês), que reivindicou o ataque, é apontado por Nova Délhi como ligado ao Lashkar-e-Taiba, organização baseada no Paquistão. A conexão reacendeu especulações sobre o papel de Islamabad no apoio a militantes que atuam na região, algo que o governo paquistanês nega.

O Lashkar-e-Taiba opera no Paquistão e recebeu financiamento de Osama bin Laden em sua fundação, há mais de 30 anos. O objetivo do grupo é a anexação do território de Jammu e Caxemira, hoje na Índia, ao Paquistão. A maioria dos atentados dos extremistas tem indianos como alvo, sendo o mais célebre o de Mumbai, em 2008, com 12 ataques simultâneos que envolveram bombardeios, tomada de reféns e trocas de tiros. Cerca de 165 pessoas morreram e 300 ficaram feridos.

O ministro do Interior, Amit Shah, visitou o local do ataque e conversou com familiares das vítimas. A presença do alto escalão do governo no cenário do crime é vista como tentativa de demonstrar firmeza diante das críticas, inclusive da oposição. Rahul Gandhi, líder do Congresso Nacional Indiano, cobrou “responsabilização e ações concretas” para evitar novas tragédias, criticando o que chamou de “promessas vazias” do governo sobre a segurança em Jammu e Caxemira.

Além da resposta militar e diplomática, uma preocupação imediata é o impacto sobre o turismo, peça central na estratégia de integração da Caxemira ao restante da Índia. A região recebeu mais de 23 milhões de visitantes no ano passado, segundo o governo local. Com a temporada do Amarnath Yatra, tradicional peregrinação hindu, prevista para começar em julho, cresce a pressão por garantias de segurança para os viajantes.

“A expectativa é de uma resposta que desestimule novos ataques, mas sem abrir caminho para uma escalada militar ampla com o Paquistão”, afirmou Radha Kumar, especialista em conflitos no sul da Ásia. Ela ressaltou que “há forte cobrança por uma ação que funcione como dissuasão, mas também preocupação com as repercussões regionais de qualquer medida mais agressiva”.

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