Moradores de Canoas esperam obras de proteção contra enchentes

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Moradores do lado oeste de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, ainda esperam as obras de proteção contra enchentes, um ano após a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul. Ao todo, 138 mil pessoas foram afetadas na região. 

Entre elas, Fátima Zanchetta, que vive no bairro de mesmo nome: Fátima. Ela saiu de casa com os cachorros, quando a água já estava na altura da sua cintura. Fátima conta que levou quase um ano para vencer o trauma e conseguir viajar com amigos.

“Eu tenho insônia, eu tenho pesadelo, e os meus cachorros, quando o tempo preteia, ficam desesperados, eu tenho que botar eles dentro do lavabo. Até os animais nossos estão traumatizados”, diz Fátima.

No mesmo bairro, a servidora pública aposentada Cláudia Burtet e uma vizinha montaram um grupo para mobilizar moradores para pressionar pelas obras de prevenção contra enchentes.

A região é cercada por diques. Foram dois pontos importantes por onde a água entrou. Na BR-448, uma obra na rodovia danificou o dique, que rompeu. Em outro ponto, nas margens da BR-116, uma parte do dique foi retirada. Essas falhas determinaram a velocidade com que a água subiu e chegou às pessoas, sem tempo de reação.

Claudia Burtet diz que os moradores vão fazer uma manifestação no dia 3 de maio para pedir que o governo do estado libere verbas:

“Porque, sem as verbas, não vai ter reconstrução. Nós continuamos com os diques fraturados e não vai ter reconstrução. Então, ele tem que tem que liberar o dinheiro”. 

Os diques da cidade apresentam problemas de conservação, como mato e cortes indevidos no talude, que é a parede da estrutura. O perito e especialista em segurança de diques Fábio Fanfa explica que o dique tem o papel principal na proteção contra enchentes dos rios Gravataí e Jacuí:

“O dique é uma ferramenta fundamental num massivo de argila com terra recoberta que funciona, mas, se você mexer nele, ele perde a sua resistência. As obras que precisam ser feitas é a recomposição dos diques no seu projeto original, tanto na altura do dique quanto na largura e na inclinação dos taludes”.

O prefeito de Canoas, Airton Souza, explica que a cidade tem quatro frentes de obras em diques, com recomposição e ajuste da estrutura que já existe e construção onde não tem. No total, tudo custaria cerca de R$ 500 milhões. Por enquanto, a prefeitura tem tocado com recursos próprios, mas tem um limite de cerca de R$ 70 milhões. 

O governo federal criou um fundo e depositou R$ 6,5 bilhões para obras contra enchentes no Rio Grande do Sul, mas o dinheiro está parado. O prefeito Airton Souza pede ação do governo estadual para liberar os recursos aos municípios:

“Nós somos a única cidade que está com tudo em dia, tudo pronto, as obras em andamento. Agora, tudo tem um limite também, né? Orçamento próprio não temos”.

Em resposta ao governo do Rio Grande do Sul, que pediu a liberação do dinheiro, a Casa Civil do governo federal afirmou que cabe ao estado manifestar interesse à Caixa Econômica Federal em aderir ao instrumento de repasse de recursos do fundo. A Casa Civil acrescentou que o pagamento vai ser feito direto aos fornecedores, após ser comprovada “a execução das obras, serviços e fornecimentos”. 

Nós procuramos o governo gaúcho e aguardamos uma posição.

Canoas-RS, 06.05.2024 - Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas. Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

© Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Meio Ambiente Tragédia climática em 2024 afetou 138 mil pessoas na região Porto Alegre 23/04/2025 – 21:37 Rafael Gasparotto / Rafael Guimarães Gabriel Brum – Repórter da Rádio Nacional Chuvas Enchentes Rio Grande do Sul Canoas Casa Civil CEF quarta-feira, 23 Abril, 2025 – 21:37 3:59

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