As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm gerado uma reação em cadeia no país. Segundo o Departamento de Comércio norte-americano, as vendas no varejo aumentaram 1,4% em março.
A percepção de economistas é de que os consumidores passaram a estocar produtos importados e a efetuar a maior parte das compras antes da aplicação das taxas, implementadas em 145% apenas para a China em abril.
Para Lee Peterson, vice-presidente Executivo de Liderança de Pensamento da consultoria WD Partners, todos os setores do varejo devem ser impactados, mas principalmente o de vestuário.
“Não estamos comprando tanta mercadoria nova quanto poderíamos. Estamos começando a renegociar com todos os fornecedores e tentando entender: ‘e se for 105% de tarifa? E se for 5%?’”.
Mesmo com a experiência de mais de 40 anos no varejo, incluindo com nomes como Walmart, Peterson reconhece o período de incerteza. “A gente realmente não sabe o que vai acontecer.
E todos os líderes empresariais com quem converso dizem a mesma coisa: ‘Não vamos investir agora’”.
Trump reuniu-se com varejistas, incluindo Walmart, Home Depot, Lowe’s e Target nesta segunda-feira (21) para explicar o cenário tarifário.
“Tivemos uma reunião produtiva com o presidente Trump e sua equipe e apreciamos a oportunidade de compartilhar nossas percepções”, disse um porta-voz do Walmart em um comunicado, sem entrar em detalhes.
Para Peterson, a visão dos Estados Unidos como “inimigo do mundo” é uma consequência da política do republicano: “Isso é ruim, considerando que deveríamos ser o país mais amigável do mundo”, declarou.
As ações do Walmart subiram menos de 2% em 2025, enquanto todas as outras registraram perdas de dois dígitos. A Target foi a mais atingida, com queda de 32% até agora.
Ainda assim, Peterson apontou as novas tendências no setor do varejo. A estratégia mais bem-sucedida, na sua avaliação, é a de entregas frequentes.
“A Gap, que ainda tem quase mil lojas por aqui, está fazendo isso agora. Eles começaram a entregar mercadorias novas a cada seis semanas – uma linha totalmente nova.”
Ou seja, o segredo seria não entregar o mesmo produto por quatro ou cinco meses e, sim, renovar a produção de forma mais ágil para sempre ter algo novo na loja.
Peterson ainda aponta um outro caminho, desta vez, mais sustentável: o de produtos usados, especialmente após as tarifas e problemas nas cadeias de suprimentos. “Se começarmos a reciclar e reutilizar produtos, esse mercado vai explodir.
E acho que ninguém está prestando a devida atenção ainda.”O especialista em varejo estará presente na Feira Brasileira do Varejo 2025 ao lado de mais de 100 palestrantes.
O evento acontece nos dias 21 e 23 de maio em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Tarifas “recíprocas” de Trump não são o que parecem; entenda
Este conteúdo foi originalmente publicado em Tarifaço: varejo dos EUA já renegocia com fornecedores, diz executivo no site CNN Brasil.