Saiba quem é o deputado que assume vaga de Chiquinho Brazão na Câmara

Com a cassação do deputado federal Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato de Marielle Franco, por ausência nas sessões plenárias, quem ocupa a sua vaga na Câmara é Ricardo Martins David (União Brasil-RJ), conhecido como “Ricardo Abrão”, sobrinho do bicheiro Aniz Abraão David e filho de um ex-prefeito de Nilópolis (RJ).

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Ricardo Abrão recebeu 43,2 mil votos nas eleições de 2022, se tornando suplente da Câmara dos Deputados. O político já ocupou vagas na Casa entre fevereiro e outubro de 2023, enquanto Daniela Carneiro assumiu a chefia do ministério do Turismo, e entre novembro do mesmo ano e fevereiro de 2024, enquanto Brazão foi secretário de Ação Comunitária no Rio.

Antes de concorrer para o Legislativo no âmbito federal, Abrão foi eleito deputado estadual do Rio de Janeiro em duas oportunidades, ocupando um cargo na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) entre 2003 e 2007 e 2011 e 2015.

Quando discursou pela primeira vez como deputado federal, Ricardo disse que daria continuidade ao trabalho do pai, Farid Abraão — irmão do contraventor Aniz Abraão David, conhecido como “Anísio”, e ex-prefeito de Nilópolis em três mandatos — e Simão Sessim, tio de Ricardo, que foi deputado federal por dez mandatos consecutivos.

Enquanto esteve na Câmara, ele protocolou cinco projetos de lei, mas nenhum foi aprovado.

Ricardo também foi em outro momento ao plenário da Câmara protestar contra o assassinato de três médicos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Uma das vítimas fatais foi Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Ricardo disse que há uma “guerra civil” na sociedade, além de fazer um apelo para não “incriminar policiais” durante operações.

Anísio, seu tio contraventor, é presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis e já foi preso quatro vezes em um espaço de cinco anos.

O bicheiro foi detido em 2007, como resultado da Operação Furacão, da PF (Polícia Federal), por suspeita de participação na máfia dos caça-níqueis; em 2008, durante a Operação 1357, que investigava a exploração de máquinas caça-níquel e lavagem de dinheiro; duas vezes, em 2012, por crimes ligados à contravenção.

Ele foi solto nessas oportunidades ou por habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) ou por decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Em 2012, Anísio foi condenado por formação de quadrilha e recorre em liberdade.

Cassação de Chiquinho Brazão

A Câmara dos Deputados cassou nesta quinta-feira, 24, o mandato do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apontado como um dos mandantes da morte de Marielle Franco. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Casa, que justificou a medida pela ausência nas sessões plenárias.

Brazão está preso desde março de 2024 após uma operação da Polícia Federal para prender os mandantes do crime contra a vereadora carioca e o motorista Anderson Gomes em 2018. No começo do mês, o parlamentar recebeu o benefício da prisão domiciliar para tratar problemas de saúde.

Assinado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o documento justifica um artigo da Constituição Federal que obriga a cassação do mandato após a ausência em um terço das sessões ordinárias. Brazão não comparece à Câmara há 402 dias.

A decisão de Motta engaveta o processo de cassação que corria na Câmara dos Deputados desde o ano passado. O Conselho de Ética chegou a aprovar o pedido de perda do mandato de Brazão, mas a proposta ficou travada no plenário por pelo menos oito meses.

Morte de Marielle

O crime aconteceu em março de 2018 quando Marielle Franco deixava uma agenda parlamentar no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Um outro veículo emparelhou com o carro da vereadora e atirou ao menos nove vezes.

Quatro tiros atingiram a vereadora, enquanto outros três acertaram o motorista Anderson Gomes. Uma outra assessora sobreviveu ao atentado.

Além de Ronnie Lessa, o ex-policial militar Élcio Queiroz também participou do atentado. Em delação, ele admitiu que dirigia o carro usado no crime. Ambos foram condenados a 78 anos e 59 anos de prisão, respectivamente.

*Com informações do Estadão

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