Mais de mil estudantes internacionais tiveram seus vistos revogados ou o status legal de permanência nos EUA cancelado desde o fim de março, segundo levantamento da agência Associated Press (AP) com base em registros judiciais e comunicados de universidades. A medida, parte de uma ofensiva do governo Trump, tem colocado em risco a continuidade acadêmica e a permanência de jovens que cursam graduação e pós-graduação em 174 instituições de ensino americanas.
A decisão de encerrar o status migratório desses estudantes ocorre em meio ao endurecimento da política de vistos liderada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que afirmou no mês passado que os EUA revogariam vistos de estrangeiros considerados contrários aos “interesses nacionais”.
Entre os alvos estariam pessoas envolvidas em protestos contra a guerra de Israel em Gaza ou que enfrentam acusações criminais. No entanto, muitos alunos atingidos alegam não ter qualquer envolvimento com essas situações ou relatam apenas infrações menores e não esclarecidas.
Casos como o do estudante de ciência da computação Anjan Roy, de Bangladesh, ajudam a ilustrar o impacto pessoal da medida. Ele estava reunido com amigos na Universidade Estadual do Missouri quando recebeu o e-mail informando sobre o encerramento de seu status legal.
“Eu fiquei em choque; tipo, o que diabos é isso?”, relatou. Mesmo após conseguir na Justiça uma decisão que restabeleceu temporariamente sua situação, o jovem continua evitando sair de casa sem precauções.
Outros estudantes também descreveram consequências emocionais e financeiras severas. Em um processo movido por quatro estudantes da Universidade de Iowa, um aluno indiano relatou insônia, dificuldades respiratórias e alimentares desde que perdeu o status. Já um universitário chinês afirmou que sua depressão piorou a ponto de seu médico aumentar a dosagem de medicamentos, levando-o a se isolar por medo de ser detido.
Apesar das tentativas de defesa dos estudantes e da série de liminares favoráveis em diferentes estados, o governo argumenta que eles poderiam simplesmente transferir seus créditos acadêmicos para outros países ou buscar oportunidades fora dos EUA.
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