ROMA, 26 ABR (ANSA) – A partir deste sábado (26), com o sepultamento de Jorge Bergoglio, a Basílica de Santa Maria Maggiore, principal templo mariano de Roma, acolherá o túmulo do primeiro papa jesuíta, com uma “pedra pobre” e apenas a inscrição de seu nome exposta.
A imponente igreja do século V está localizada no coração da capital da Itália e é onde o papa Francisco costumava rezar na véspera de suas viagens ao exterior ou ao retornar.
O local para o fim de sua “viagem terrena” foi escolhido pelo próprio Pontífice, desejo expressado em seu testamento. No total, a Basílica abriga sete túmulos de papas, sendo que o franciscano Nicolau IV foi o primeiro a ser enterrado. Outro túmulo bem conhecido é o do primeiro papa dominicano Pio V.
Seguindo o pedido de Francisco, o túmulo do “Papa dos Pobres” terá uma placa de mármore, com uma única gravação, quase imperceptível, composta exclusivamente pelas 10 letras que compõem seu nome como Pontífice, Franciscus. Sem frescuras e certamente sem ouro.
A lápide de Jorge Mario Bergoglio, 266º Papa da Igreja Católica, representará o que o Santo Padre professou em seus 12 anos de Pontificado: sobriedade e humildade, assim como suas origens, as do homem que veio do “fim do mundo”. Um estilo tão minimalista que pode até levar alguém a pensar em fazer uma intervenção de última hora para tornar a inscrição mais legível.
Diferentemente de suas antecessoras, de fato, a gravura em memória de Francisco não é realçada pela cor preta, mas simplesmente gravada naturalmente no mármore, tanto que é quase difícil de ver.
Além disso, a lápide foi feita de uma pedra de “Finale Chiara”, composta de calcário do Mioceno proveniente de sedimentação marinha. É um tipo de mármore extraído da pedreira de Arma dell’Aquila, um sítio arqueológico localizado em Finale Ligure, e tem sido usado há séculos como material de construção.
Pontes construídas na época romana com esse material ainda são utilizáveis, explicam especialistas na área. A lápide está inserida no túmulo, cujo projeto foi apresentado pela Santa Sé.
Bergoglio repousará no lóculo da nave lateral entre a Capela Paolina e a Capela Sforza, da Basílica, e está localizada perto do Altar de São Francisco, conforme o desejo do Santo Padre.
O túmulo foi feito com ardósia de Lavagna, “a pedra da Ligúria que é a terra de seus avós” e que vem das pedreiras que têm vista para o Golfo de Tigullio, no leste da Ligúria, entre Sestri Levante e Val Fontanabuona.
Segundo relatos, a pedra negra nunca foi considerada nobre, mas “do povo”, porque era essencial e resistente, como o Papa que até o fim quis estar entre o povo.
No túmulo, além da inscrição, haverá uma reprodução da cruz peitoral de prata que ele usava no pescoço durante seu pontificado. As despesas de seu sepultamento, como o próprio Bergoglio escreveu em seu testamento, foram pagas por um benfeitor que permaneceu anônimo por enquanto.
O túmulo estará oficialmente aberto ao público para visitação a partir do próximo domingo (27), embora não esteja descartado que os primeiros fiéis possam entrar neste sábado, após o rito oficial de sepultamento, que acontece em caráter privado.
(ANSA).