O presidente Lula foi rápido em demitir o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, mas o dano causado a sua imagem tem vindo diretamente de sua casa. Como vice-presidente de um dos sindicatos citados por embolsar R$ 6 bilhões de aposentados e pensionistas, o irmão mais velho de Lula, Frei Chico, virou uma das munições mais importantes da oposição nas redes sociais.
A pedido da coluna, a agência de marketing digital Ativaweb analisou o impacto nas redes sociais e nos motores de busca com o nome de Frei Chico de 23 a 25 de abril. Foram coletadas 481.828 buscas e menções nas plataformas Instagram, Facebook, X (Twitter) e Google. Em 72% dos casos, o sentimento era negativo e, em apenas 8%, positivo. A amplificação das menções partiu de redes sociais de perfis da oposição. Uma das postagens do deputado Nikolas Ferreira, por exemplo, gerou mais de 1 milhão de visualizações.
De acordo com a análise dos dados, os termos “Frei Chico irmão de Lula” (59 pontos de relevância) e “irmão de Lula” (58 pontos) estavam entre as expressões mais buscadas. “Fraude INSS”, “Sindnapi” e “nepotismo” conectaram o nome de Frei Chico ao caso.
Sindnapi é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, do qual Frei Chico já foi diretor e assumiu, no ano passado, a vice-presidência. Tanto ele quando o sindicato negam as fraudes. Mesmo sendo um sindicalista histórico e tendo começado sua trajetória no ABC Paulista antes de Lula, boa parte das postagens negativas falava em nepotismo.
Segundo a avaliação do cientista de dados Alek Maracajá, CEO da Ativaweb, as tentativas de defesa de Frei Chico focaram em relembrar sua trajetória histórica, mas tiveram baixo volume. “A crise digital é um efeito dominó: o impacto nunca fica restrito ao epicentro inicial. As redes rastreiam laços, vínculos e narrativas adjacentes”, explicou Maracajá, que completou: “O digital cria associações instantâneas. No ambiente das redes, ser parente de alguém sob ataque já basta para virar alvo.”
As estratégias mais usadas nas redes para ataques a Frei Chico consistiram na produção de memes ligando o irmão de Lula à “corrupção sistêmica” e em comparações negativas envolvendo “a família no poder”.
Segundo Maracajá, o vácuo inicial de resposta oficial ajudou a expandir a crise. A situação só começou a amainar a partir das 13h do dia 25, com a mudança da pauta digital, com novos assuntos dominando o debate. Ou seja, preso, Fernando Collor acabou ajudando seu inimigo histórico, Lula.
“As redes são como marés: crises que não recebem combustível diário tendem a refluir naturalmente. A queda após as 13h confirma que o digital também se vence pelo esgotamento narrativo”, afirmou Maracajá.
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