VATICANO, 26 ABR (ANSA) – Por Stefano Secondino – O papa Francisco, morto no último dia 21 de abril, aos 88 anos, fez neste sábado (26) sua última viagem à maneira dele: em um caixão de madeira simples, sem adornos, sobre um papamóvel adaptado a partir de uma picape usada.
E, no caminho entre as basílicas de São Pedro, no Vaticano, e Santa Maria Maggiore, em Roma, o finado pontífice reencontrou as duas faces do mundo que o cercava: os fiéis que o viam como um guia e a multidão com celulares que o tratava como uma estrela pop.
O cortejo fúnebre partiu do Vaticano por volta de 12h30 (horário local), encabeçado por um papamóvel montado em uma picape Dodge usada na viagem de Francisco ao México em 2016 e dada de presente ao Vaticano no ano seguinte.
O caixão do pontífice saiu pelo Portão do Perugino, uma entrada secundária do menor país do mundo, atravessou o rio Tibre e seguiu pela Via Vittorio Emanuele II. Atrás do papamóvel, seguiam cerca de 30 carros com cardeais, colaboradores e familiares. O público acompanhou o cortejo de trás de barreiras de segurança, com as pessoas de prontidão com seus celulares para tirar selfies com o caixão de Francisco ao fundo.
O trajeto até Santa Maria Maggiore não durou mais do que meia hora, como se Bergoglio não quisesse atrapalhar demais a vida de Roma, que viveu um dia de calor e céu ensolarado.
À passagem do papamóvel, a multidão gritava “Viva Francisco!”, ou “Daje Francesco!” (“Vai, Francisco!”, em dialeto romano). Muitos filmavam com os celulares e postavam nas redes; alguns choravam. Outros rezavam. Em conversas com as pessoas nas ruas, via-se que muitas estavam ali para homenagear um Papa que amavam e cuja mensagem compartilhavam. Outras, porém, estavam ali apenas porque Francisco era famoso, e seu funeral era um evento histórico imperdível.
“Ele representou o verdadeiro contato da Igreja com as pessoas, não importa se eram crentes ou não. Agora temos de levar adiante sua mensagem de fraternidade e acolhimento”, disse a idosa romana Tiziana. Para a australiana Sienna, “valeu a pena estar aqui neste dia histórico”. Já a dinamarquesa Janet contou que estava ali com o marido “para viver um momento histórico”, mas assegurou: “Nós admirávamos a mensagem dele. O mundo é muito voltado para os ricos”.
Ida, calabresa radicada em Roma, resumiu: “O papa Francisco desceu do pedestal para ficar entre as pessoas. Agora tudo depende de quem herdará o lugar dele. Espero que o próximo faça como ele, porque, se queremos paz, precisamos nos importar com quem sofre mais que nós”. (ANSA).