Cortella: Decisão de papa Francisco por vida simples era um recado

Em 2013, Jorge Mario Bergoglio se tornou o papa Francisco, nome escolhido em homenagem a São Francisco de Assis, santo conhecido pela devoção à pobreza. Voto que o pontífice assumiu cedo na vida dedicada à igreja.

“A simbologia é muito forte. Essa simbologia não foi dele como modo oportunista, porque ele fazia isso como bispo e depois arcebispo, em Buenos Aires”, afirma o filósofo e cientista da religião.

Ao CNN Entrevistas, Cortella destacou ainda que a decisão do papa Francisco por uma vida simples tinha uma mensagem.

“Ele carregava a própria pasta, ele pagava a conta dele. Quando ele decide, como o papa, que ele não vai morar dentro do muro, que ele vai no outro espaço, ele dá ali um recado”, afirma Cortella à CNN.

Cortella disse que a simplicidade foi o legado de Francisco, desde que o argentino se tornou papa, abandonando o Palácio Apostólico e os tradicionais sapatos vermelhos, e até após a morte, quando pediu por um túmulo simples, sem decoração especial e com a única inscrição: Franciscus.

“Ele passou por todos os cargos que seriam necessários para chegar nesse topo. E, portanto, ele tinha uma mensagem. Essa mensagem continua com ele depois da morte nos símbolos que ele deixou, significa: quem vem depois de mim, tome atenção para não ter uma ostentação exagerada. Quem vem depois de mim, não esqueça da mensagem.”

Cortella ainda lembra da pobreza do nascimento do menino Jesus.

“Nós falamos de alguém que nasceu numa manjedoura, que era numa família pobre, que propunha a partilha de todos os bens, que falava de acolher as pessoas, fosse ela estrangeira ou não, fosse ela com alguma dificuldade ou não, fosse homem ou mulher.”

O filósofo destaca que as religiões, de maneira geral, têm um nível de espetacularização, com grandes templos.

“A religião é um fenômeno, algo que vem à tona, mas que precisa tornar absolutamente visível o invisível. E a maneira de tornar visível o invisível é não mostrá-lo. E o modo de não mostrá-lo é trazer símbolos. Daí as cores, os sinais, os objetos, as cerimônias”, explica o filósofo.

Cortella usa como exemplo o próprio conclave. “Quando você menciona um conclave, claro que ele ganha um ar misterioso. A primeira ideia é de aquilo que se faz dentro de um local fechado. Segundo, uma série de normas e ritos que são seculares”, afirma.

E conclui: “Na hora que entram os cardeais, eles não entram na mesma ordem, tem a ver com a postura e a posição que ele ocupa dentro do Vaticano. Tudo isso é muito forte. Estruturas de organizações que estão ligadas à hierarquia, tal como a área militar, tem seus símbolos, seus galardões, a necessidade de você ter a marca o tempo todo”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Cortella: Decisão de papa Francisco por vida simples era um recado no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.