
A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) oficializou, nesta semana, a criação da Frente Parlamentar de Combate à Violência em Ambiente Digital contra Crianças e Adolescentes. A iniciativa, idealizada e coordenada pelo deputado Rafa Zimbaldi (Cidadania-SP), visa enfrentar a crescente ameaça de crimes virtuais que afetam o público infantojuvenil. O objetivo do colegiado é promover ações de prevenção, identificação e combate aos crimes digitais, além de colaborar com as autoridades responsáveis pela investigação e prisão dos criminosos.
Zimbaldi destaca que o grupo trabalhará em conjunto com entidades e profissionais especializados, como advogados, educadores, psicólogos e psiquiatras, para enfrentar as diferentes formas de violência digital. O deputado explicou que a criação da frente é urgente devido ao aumento de ataques a escolas, abusos sexuais virtuais, desafios autodestrutivos e a participação de adolescentes em grupos extremistas. Ele citou o trágico caso da morte de uma menina de 8 anos, vítima do “desafio do desodorante”, que foi amplamente divulgado no TikTok. “Quem vamos responsabilizar: o autor do post ou a plataforma?”, questionou Zimbaldi, destacando a necessidade de responsabilizar as empresas de tecnologia pela disseminação de conteúdos prejudiciais.
A frente parlamentar também contará com o apoio do Instituto Aegis, que terá a jornalista Carla Albuquerque na liderança do monitoramento e investigação de ataques cibernéticos. A Associação Nacional das Vítimas de Internet (Anvint) e especialistas em crimes digitais, como Tanila Savoy, Carolina Di Fillipi e Luciano Santoro, também fazem parte da iniciativa, junto ao Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Zimbaldi enfatizou que a violência cibernética está frequentemente relacionada à falta de suporte emocional e estrutural de crianças e adolescentes. “Crianças com histórico de negligência, bullying ou transtornos psicológicos não tratados são alvos fáceis de grupos violentos na internet, que aproveitam plataformas digitais para aliciar esse público”, afirmou o deputado.

O trabalho da frente parlamentar incluirá o combate a conteúdos violentos, desafios perigosos e manifestações de misoginia online. Zimbaldi alerta que muitos desses conteúdos estão mascarados de humor ou liberdade de expressão, mas acabam desensibilizando os jovens e distorcendo conceitos de ética e empatia. O objetivo é garantir a proteção das crianças e adolescentes na internet e responsabilizar todos os envolvidos na propagação de violência digital.