Veja conselhos da geração Y à geração Z sobre a primeira potencial recessão

A geração Y, também chamada de “geração do milênio”, teve de enfrentar alguns desafios quando, ainda jovens, vivenciaram a Grande Recessão. Agora, os “millennials” dão conselhos aos mais novos sobre como se prepararem para atravessar sua possível primeira recessão.

As perspectivas de desaceleração da economia global foram alavancadas pelas novas políticas tarifárias adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A escalada da guerra comercial fez com que analistas alertassem para consequências econômicas “terríveis”.

O JP Morgan, por exemplo, destaca que o avanço da guerra comercial e das medidas retaliatórias devem levar a uma recessão não só aos Estados Unidos, como uma contração global.

Com um cenário incerto sobre o futuro da economia, a geração do milênio tem compartilhado dicas de como agir em momentos de crise nas principais plataformas utilizadas pela geração Z, como o TikTok.

Ao navegar pela rede social chinesa, Sasha Whitney, de 37 anos, percebeu que os usuários da nova geração compartilhavam sentimentos de frustração, desânimo e falta de esperança quanto ao futuro.

Há uma grande diferença, no entanto, em comparação quando Whitney se formou na faculdade em 2009, um ano depois do estouro da crise do subprime nos Estados Unidos.

“Quando conversei com alguns dos meus amigos millennials, eles disseram: ‘É, estávamos falidos. Estávamos com dificuldades’”, disse a mulher, cujo público principal no TikTok tem entre 18 e 25 anos. “Não estávamos tentando acompanhar as pessoas próximas. Não estávamos tentando retratar um estilo de vida para as redes sociais.”

Outros millennials brincaram nas redes sociais sobre o senso de comunidade que tinham durante a recessão, parecendo nostálgicos dos dias de bebidas mais baratas e roupas casuais de trabalho.

“Se você quer saber como sobrevivemos, sim, nós desmaiamos”, brincou um usuário da geração passada no TikTok.

Apesar das brincadeiras, os millennials compartilharam as dificuldades financeiras e como fizeram para se virar durante os primeiros anos da fase adulta com o mundo em recessão.

Após se formar, Whitney morou na casa dos pais por um tempo e depois se mudou, pagando aluguel e empréstimos estudantis, além de deixar US$ 20 por semana para compras de supermercado. Ela trabalhou no varejo logo após a faculdade e descobriu como administrar as finanças por meio de tentativa e erro.

“Estava comprando pacotes de atum, vegetais, pão e colocando tudo no congelador. Foi aí que realmente me dei conta de que algo estava acontecendo”, disse.

O vídeo de Whitney no TikTok apresentou aos espectadores algumas dicas para a recessão, incluindo: aceitar qualquer emprego que conseguir, viver abaixo das expectativas iniciais de qualidade de vida e eliminar plataformas de pagamento como Klarna e After Pay. Outros vídeos da geração Y no TikTok oferecem guias de preparação para a recessão, como ter um fundo de reserva para emergências e currículos atualizados.

“Se eu puder dar conselhos a alguém, especialmente aos mais jovens, é isso que farei”, disse Whitney.

Cortar gastos

Aceitar qualquer emprego e viver abaixo das expectativas iniciais passa por um fator sobre o qual muitos tiktokers já estão se debruçando: limitar os gastos.

Para Imani Smith, uma jovem de 29 anos de Dallas, isso significa compartilhar senhas de assinaturas com os amigos e reduzir as saídas para comer.

A manutenção da beleza também é um custo alto, então ela compra unhas postiças na Amazon em vez de ir ao salão. Os donos de salões estão relatando mais pedidos pelo que chamam de “loiros da recessão”, penteados mais baratos e de baixa manutenção.

E apesar do famoso índice de batom — a teoria de que pequenas compras do tipo “mime-se” aumentam durante crises econômicas — os usuários de mídia social prometeram cortar pequenas compras, como protetores labiais e velas caras.

“Quero [economizar] e criar o hábito de fazer isso antes de ter que fazer por necessidade básica”, disse Smith à CNN, que se descreveu como uma geração intermediária entre a geração Z e a geração Y.

 Simon Blanchard, professor da Escola de Negócios McDonough da Universidade de Georgetown, disse à CNN que quando as pessoas sentem que os orçamentos estão diminuindo, elas precisam decidir em que vão gastar.

Blanchard acrescentou que pode ser um bom momento para a pessoa refletir se tem economias de emergência suficientes, estejamos em recessão ou não.

“As pessoas tendem a cortar uma categoria inteira de gastos em vez de cortar um pouco de tudo, então não parece que elas precisam reduzir todos os aspectos de suas vidas. E, talvez, essas pequenas indulgências como batom sejam as primeiras coisas a serem eliminadas, porque não são essenciais”, disse o professor.

Lacey Russell, da CNN, contribuiu para esta reportagem.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Veja conselhos da geração Y à geração Z sobre a primeira potencial recessão no site CNN Brasil.

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