A confiança da indústria no Brasil teve leve baixa em abril, à medida que houve uma forte piora na percepção do setor para o nível dos estoques e no ímpeto para contratações nos próximos meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,4 ponto em abril na comparação com o mês anterior, indo a 98,0 pontos, de acordo com os dados da FGV.
“A confiança da indústria piorou pela segunda vez no ano confirmando o cenário de cautela dos empresários.”
“A queda em abril é fruto de aumento no nível dos estoques que, apesar da piora, ainda seguem em níveis normais”, disse Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.
“Em relação ao futuro, nota-se acomodação das expectativas após um período de pessimismo quanto o futuro dos negócios nos próximos seis meses”, completou.
O Índice de Situação Atual (ISA), que mede o sentimento dos empresários sobre o momento presente do setor industrial, caiu 0,4 ponto no mês e foi a 100,1 pontos, segundo a FGV.
O Índice de Expectativas (IE), indicador da percepção sobre os próximos meses, também recuou 0,4 ponto em abril, a 96,0 pontos.
Entre os quesitos que integram o ISA, houve forte piora no indicador de nível de estoques, com baixa de 3,0 pontos, para 100,1 pontos, enquanto o que mede a situação atual dos negócios subiu 1,5 ponto, a 99,2 pontos.
De acordo com a FGV, quando o indicador de estoques está acima de 100 pontos sinaliza que a indústria está operando com estoques excessivos ou acima do desejável.
Para o IE, o quesito de ímpeto sobre as contratações caiu 3,3 pontos, para 98,1 pontos.
Já no indicador que mede a tendência dos negócios para os próximos seis meses, houve ganho de 1,9 ponto, a 93,5 pontos, interrompendo uma sequência de cinco quedas consecutivas.
“O aumento da incerteza global, depois das medidas do governo americano, tende a impactar negativamente o sentimento dos empresários.”
“Além disso, o ciclo de alta da taxa de juros, em conjunto com a expectativa geral de desaceleração da economia devem refletir em um cenário difícil para a indústria em 2025, sobretudo no segundo semestre”, afirmou Pacini.
Os mercados globais têm sido abalados nos últimos meses pela imprevisibilidade da política comercial dos Estados Unidos, com os anúncios de tarifas do presidente Donald Trump escalando as tensões com a China e provocando negociações com outros parceiros, gerando incerteza sobre as perspectivas econômicas.
No cenário doméstico, o Banco Central voltou a subir a taxa Selic em 1 ponto percentual em março, para 14,25% ao ano, repetindo os movimentos de dezembro e janeiro.
A autarquia ainda indicou mais uma alta de menor magnitude para a reunião de maio.
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