
Moradores da Ilha de Outeiro, em Belém, flagraram neste fim de semana o despejo de um líquido escuro, semelhante a óleo, na Baía de Santo Antônio. A substância teria vazado de uma embarcação da empresa que atua na produção de fertilizantes na região. Imagens feitas por moradores mostram o exato momento em que o material é despejado no rio. A Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Semas) informou que já coletou amostras da água para análise laboratorial, mas até o momento não confirmou danos ambientais. Pescadores locais relatam prejuízos imediatos na pesca e na coleta de camarões, principais fontes de renda da comunidade. “O camarão já sumiu daqui”, afirmou um morador durante o vídeo. O incidente ocorre a poucos meses da realização da COP30, Conferência Global sobre Mudanças Climáticas que será sediada em Belém. O vazamento expõe um dos principais desafios da região: fortalecer a fiscalização e garantir a proteção dos recursos hídricos da Amazônia.

Episódios como esse colocam em risco não só o meio ambiente, mas também a credibilidade do Brasil na agenda ambiental internacional. A empresa responsável ainda não se pronunciou oficialmente sobre o episódio. O Ministério Público do Pará informou que acompanha o caso e pode abrir investigação para apurar responsabilidades. A Baía de Santo Antônio é uma área de alta biodiversidade e fonte de sobrevivência para centenas de famílias. O risco de contaminação, mesmo sem laudos finais, já evidencia a necessidade de resposta rápida e eficaz por parte das autoridades. A COP30 será uma oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo seu compromisso com a preservação da Amazônia. Casos como o de Outeiro, no entanto, reforçam que ainda há um longo caminho entre o discurso e a prática.