Autoridades econômicas da China afirmaram na segunda-feira (28) que o país não depende das importações agrícolas e energéticas dos EUA para garantir seu abastecimento interno, tendo o Brasil como uma das opções de substituição. Durante uma coletiva de imprensa, os dirigentes chineses reiteraram a confiança em alcançar a meta de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, mesmo diante do prolongamento da guerra comercial com o governo de Donald Trump. As informações são do jornal Financial Times.
Zhao Chenxin, vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão de planejamento estatal chinês, destacou que a produção nacional e os acordos com fornecedores alternativos serão suficientes para suprir a demanda do país.
“Mesmo que não compremos grãos para ração e oleaginosas dos Estados Unidos, isso não terá muito impacto no abastecimento de grãos do nosso país”, afirmou Zhao, acrescentou que as importações agrícolas americanas são “principalmente para grãos destinados à alimentação animal, que possuem alta capacidade de substituição”. E e ressaltou que também haveria impacto limitado no fornecimento de energia se as empresas chinesas deixassem de adquirir petróleo, gás natural e carvão dos EUA.

A perda do mercado chinês representaria um golpe significativo para o setor agrícola norte-americano, que exportou cerca de US$ 33 bilhões (R$ 187 bilhões) em produtos agropecuários para a China em 2023. No mesmo ano, os embarques de petróleo, gás e carvão dos EUA para o mercado chinês somaram aproximadamente US$ 15 bilhões (R$ 85 bilhões).
Países como Brasil e Argentina estão entre os que devem ampliar a participação nas exportações de alimentos para a China. A fatia dos EUA nas importações chinesas de alimentos caiu de 20,7% em 2016 para 13,5% em 2023, enquanto a do Brasil subiu de 17,2% para 25,2% no mesmo período.
Os comentários de Zhao ocorreram em um momento em que o governo chinês busca demonstrar confiança na estabilidade econômica, apesar das sanções impostas por Washington. O vice-presidente da Comissão afirmou que Beijing está “totalmente confiante” em atingir a meta de crescimento para o ano, embora tenha reconhecido que “os choques externos estão aumentando”.
O vice-ministro do Comércio da China, Sheng Qiuping, reforçou que as exportações chinesas continuaram em crescimento em abril, mesmo após o agravamento da disputa comercial. Segundo ele, as autoridades vão acelerar a implementação de políticas para estabilizar o emprego e apoiar o setor produtivo, incluindo financiamento ampliado para exportadores e subsídios para fabricantes chineses venderem mais no mercado interno e encontrarem novos compradores no exterior.
Zou Lan, vice-governador do Banco Popular da China, anunciou que o banco central está preparado para liberar mais recursos para os bancos e cortar as taxas de juros “no momento apropriado”, além de garantir a estabilidade da taxa de câmbio do renminbi.
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