Assessor de Trump perde cargo após escândalo e será embaixador na ONU

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 1º, que seu assessor de Segurança Nacional, Mike Waltz, envolvido em um escândalo por um vazamento em um aplicativo de mensagens, deixará o cargo para se tornar embaixador americano na ONU.

“Mike Waltz trabalhou duro para priorizar os interesses de nossa nação. Sei que fará o mesmo em seu novo cargo”, disse Trump na rede Truth Social. Assim, o chefe da diplomacia, Marco Rubio, também atuará como assessor “interino” de Segurança Nacional, explicou.

O ex-congressista americano é o primeiro alto funcionário que deixa a administração no segundo mandato de Trump, que até agora tem sido mais estável em termos de pessoal que durante sua primeira presidência (2017-2021).

A baixa ocorre pouco mais de um mês depois de Waltz se envolver num escândalo que envolveu o vazamento acidental de dados de uma operação militar para um jornalista.

Waltz estava sob pressão desde que o redator-chefe da revista The Atlantic revelou em março que foi adicionado devido a um erro em um chat do aplicativo de mensagens Signal sobre os ataques contra os rebeldes huthis.

No chat, o plano de ataque foi exposto, incluindo os horários em que os aviões de guerra americanos decolariam para bombardear alvos no Iêmen.

Entenda o escândalo

Em uma reportagem, o editor-chefe da revista, Jeffrey Goldberg, contou que, por causa do erro, soube antecipadamente que forças americanas pretendiam executar ataques.

Goldberg relatou que, inicialmente, não acreditou que estava visualizando mensagens de figuras do alto escalão do governo, incluindo o secretário de Estado, Marco Rubio; o secretário de Defesa, Pete Hegseth; e até o vice-presidente, JD Vance.

Goldberg contou na reportagem, publicada com o título O governo Trump acidentalmente me enviou mensagens com seus planos de guerra, que toda a situação teve início em 11 de março, quando ele recebeu uma solicitação de contato no aplicativo Signal de um usuário identificado como Michael Waltz – o nome do conselheiro de Segurança Nacional de Trump. Dois dias depois, o contato identificado como Waltz o incluiu num grupo fechado no Signal.

“Eu também não conseguia acreditar que o conselheiro de Segurança Nacional do presidente seria tão imprudente a ponto de incluir o editor-chefe da The Atlantic em tais discussões com altos funcionários dos EUA, até e incluindo o vice-presidente”, escreveu Goldberg.

Goldberg disse que só passou a acreditar na veracidade das mensagens com o início dos ataques lançados de porta-aviões americanos sobre alvos houthis. Em 15 de março, os EUA atacaram alvos dos rebeldes no Iêmen.

Entre as mensagens trocadas entre os membros do grupo, estavam planos militares para atacar os houthis do Iêmen, um grupo aliado do Hamas e que recebe apoio do Irã. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza em 2023, os houthis passaram a disparar mísseis contra Israel e contra as rotas marítimas internacionais no Mar Vermelho.

Na conversa, as autoridades no chat expuseram o plano de ataque, incluindo os horários em que os aviões de guerra dos EUA decolariam para bombardear alvos no Iêmen. Na ocasião, o secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, também enfrentou pressão em relação ao escândalo.

Na mesma reportagem, Goldberg apontou que o aplicativo Signal não é um canal autorizado pelo governo dos EUA para o compartilhamento de informações sigilosas, lembrando que a Casa Branca tem sistemas próprios para esse propósito.

De acordo com a reportagem, Michael Waltz e os integrantes do grupo podem ter violado diversas leis, incluindo a Lei de Espionagem de 1917, que prevê punições para quem colocar em risco informações sensíveis à segurança do país.

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