Mike Waltz deixa posto semanas após escândalo envolvendo vazamento acidental de planos militares para um jornalista. Essa é a 1° grande baixa do 2° governo Trump. Conselheiro será remanejado para cargo na ONU.Mike Waltz, o conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai deixar seu cargo, segundo informou a Casa Branca nesta quinta-feira. (01/05). A notícia da partida ocorre pouco mais de um mês depois de Waltz se envolver num escândalo que envolveu o vazamento acidental de dados de uma operação militar para um jornalista.
Além de Waltz, seu vice, Alex Wong, também deve deixar o cargo, segundo informou a CBS News. Segundo anunicou Trump, Waltz será remanejado para o cargo de embaixador dos EUA junto às Nações Unidas, um cargo de destaque, mas de menor importância na estrutura do governo americano.
Trump confirmou a mudança em uma publicação em sua rede social, a ThruthSocial. E apontou que o secretario de Estado, Marco Rubio, passará a acumular a função de conselheiro de Segurança Nacional.
“Tenho o prazer de anunciar que indicarei Mike Waltz para ser o próximo embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas. Desde seu tempo em uniforme no campo de batalha, no Congresso e como meu Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz trabalhou arduamente para colocar os interesses de nossa nação em primeiro lugar”, escreveu Trump.
“Sei que ele fará o mesmo em sua nova função. Nesse ínterim, o Secretário de Estado Marco Rubio atuará como conselheiro de Segurança Nacional, enquanto continua com sua forte liderança no Departamento de Estado.”
Com isso, Waltz se tornou a primeira autoridade importante a deixar o círculo da Casa Branca no segundo mandato de Trump, que até agora tem sido mais estável em termos de pessoal do que o primeiro. A baixa ocorre quando a administração acaba de completar 100 dias.
Vazamento e pressão
Waltz estava sob pressão desde que o editor-chefe da revista Atlantic revelou em março que o conselheiro o havia adicionado por engano a um bate-papo no aplicativo de mensagens Signal. No grupo, diversos altos-membros discutiram sobre o planejamento de ataques militares aos rebeldes houthis, do Iêmen. Em uma reportagem, o editor-chefe da revista, Jeffrey Goldberg, contou que, por causa do erro, soube antecipadamente que forças americanas pretendiam executar ataques.
Goldberg relatou que, inicialmente, não acreditou que estava visualizando mensagens de figuras do alto escalão do governo, incluindo o secretário de Estado, Marco Rubio; o secretário de Defesa, Pete Hegseth; e até o vice-presidente, JD Vance.
“Eu tinha fortes dúvidas de que esse grupo de texto fosse real, porque não podia acreditar que a liderança da segurança nacional dos Estados Unidos se comunicaria pelo Signal sobre planos de guerra iminentes”, escreveu ele, em reportagem publicada na Atlantic.
Goldberg contou na reportagem, publicada com o título O governo Trump acidentalmente me enviou mensagens com seus planos de guerra, que toda a situação teve início em 11 de março, quando ele recebeu uma solicitação de contato no aplicativo Signal de um usuário identificado como Michael Waltz – o nome do conselheiro de Segurança Nacional de Trump. Dois dias depois, o contato identificado como Waltz o incluiu num grupo fechado no Signal.
“Eu também não conseguia acreditar que o conselheiro de Segurança Nacional do presidente seria tão imprudente a ponto de incluir o editor-chefe da The Atlantic em tais discussões com altos funcionários dos EUA, até e incluindo o vice-presidente”, escreveu Goldberg.
Goldberg disse que só passou a acreditar na veracidade das mensagens com o início dos ataques lançados de porta-aviões americanos sobre alvos houthis. Em 15 de março, os EUA atacaram alvos dos rebeldes no Iêmen.
Entre as mensagens trocadas entre os membros do grupo, estavam planos militares para atacar os houthis do Iêmen, um grupo aliado do Hamas e que recebe apoio do Irã. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza em 2023, os houthis passaram a disparar mísseis contra Israel e contra as rotas marítimas internacionais no Mar Vermelho.
Na conversa, as autoridades no chat expuseram o plano de ataque, incluindo os horários em que os aviões de guerra dos EUA decolariam para bombardear alvos no Iêmen. Na ocasião, o secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, também enfrentou pressão em relação ao escândalo.
Na mesma reportagem, Goldberg apontou que o aplicativo Signal não é um canal autorizado pelo governo dos EUA para o compartilhamento de informações sigilosas, lembrando que a Casa Branca tem sistemas próprios para esse propósito.
De acordo com a reportagem, Michael Waltz e os integrantes do grupo podem ter violado diversas leis, incluindo a Lei de Espionagem de 1917, que prevê punições para quem colocar em risco informações sensíveis à segurança do país.
jps (AFP, DW, ots)