Filha de Dorival Caymmi, a intérprete gravou 27 discos e eternizou sucessos como “Cais” e “Resposta ao Tempo”. Ela tratava uma arritimia cardíaca há nove meses.A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira (01/05) no Rio de Janeiro, aos 84 anos. Ela estava internada desde agosto do ano passado em uma clínica em Botafogo, na Zona Sul da capital carioca, para tratar de uma arritmia cardíaca. A morte se deu em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos.
“É com muito pesar que eu comunico o falecimento da minha irmã, Nana Caymmi. Estamos, lógico, muito chocados e tristes na família, mas ela também passou nove meses de sofrimento em hospital, UTI. Um processo muito doloroso, várias comorbidades”, disse Danilo Caymmi em vídeo postado nas redes sociais. “O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu”.
Carreria artística
Nascida Dinahir Tostes Caymmi, Nana estabeleceu um repertório de bossa nova, samba e bolero com uma voz diferenciada e estilo inconfundível. Ela era filha do compositor, cantor e violonista Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris.
Nana estreou em 1960 ao gravar “Acalanto” em um álbum de seu pai. A canção de ninar foi composta por Dorival para ela. Logo cedo, conquistou um lugar de destaque no mundo da música, com músicas populares no Brasil, mas também na Argentina e nos Estados Unidos. Nana gravou 27 discos, sendo dois deles ao vivo.
Entre as canções eternizadas na sua voz, estão Cais, composta por Milton Nascimento para ela interpretar, além de Não se Esqueça de Mim, Ponta de Areia e Medo de Amar, música de Vinicius de Moraes que marca seu álbum Nana Caymmi, de 1975.
Já Resposta ao Tempo, de Cristóvão Bastos e Aldir Blanc, se tornou um de seus principais sucessos, ganhando ainda mais popularidade como tema de abertura da minissérie da TV Globo Hilda Furacão, de 1998.
Desde o início de sua carreira, a cantora também deu vida a músicas de seu pai, Dorival, marcando uma época com músicas como Só Louco e O Que É Que a Baiana Tem e a icônica Você Já Foi à Bahia?
Em 2016, Nana passou por uma cirurgia de remoção de um tumor na parte externa do estômago e se afastou dos palcos. Em 2019, gravou um disco com a obra de Tito Madi, e, no ano seguinte, outro com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Em 2024, voltou a gravar, ao lado do cantor e violonista Renato Braz, uma faixa do disco Canário do Reino, em homenagem a Tim Maia.
Nas redes sociais, parceiros musicais da cantora lamentaram sua morte. “O Brasil perde hoje uma de suas maiores cantoras, e eu, uma amiga”, escreveu o músico Djavan.
Já Milton Nascimento disse que perder Nana Caymmi é perder parte de sua própria história. “Recentemente tenho escutado diariamente a nossa interpretação de Sentinela, que muito me emociona”, publicou.
gq/md (Agência Brasil, ots)