O cardeal italiano Matteo Zuppi é um diplomata discreto de 69 anos, com postura progressista em temas sociais, a quem o papa Francisco encomendou uma missão de paz entre Ucrânia e Rússia.
Esse prelado sorridente e carismático, arcebispo de Bolonha, preside desde 2022 a Conferência Episcopal Italiana e conta com o apoio de grande parte dos cardeais da península.
Seu nome é mencionado com frequência como possível sucessor de Francisco, com quem representaria uma certa continuidade, ao menos no essencial, como a defesa dos mais desfavorecidos, embora seu estilo seja mais moderado que o do enérgico pontífice argentino.
“É um homem com muita paciência, sabe escutar e é discreto, qualidades muito importantes quando se quer conduzir um caminho de paz”, comenta Marco Impagliazzo, presidente da comunidade católica de Sant’Egidio, da qual monsenhor Zuppi é membro.
Apelidada de “a pequena ONU de Trastevere”, pelo bairro romano onde tem sua sede, essa comunidade laica fundada em 1968 atua como canal diplomático informal da Santa Sé, com missões de paz em todo o mundo.
No entanto, sua proximidade com essa organização também pode jogar contra ele, já que alguns temem que seus dirigentes influenciem muito no futuro da Igreja Mundial.
Nomeado cardeal pelo papa Francisco em 2019, “Don Matteo” goza de grande popularidade na Itália, onde é conhecido por viver em uma residência para sacerdotes idosos e andar de bicicleta.
Perguntado em maio de 2023 pelo jornal La Repubblica sobre se havia se apaixonado em sua juventude, o cardeal respondeu: “Naturalmente! Mas estava ainda mais apaixonado por Jesus”.
Sua jornada de trabalho começa um pouco antes das seis da manhã e termina “por volta da meia-noite, às vezes um pouco mais tarde”, diz.
Assim como o papa Francisco, Zuppi defende a acolhida de migrantes e pessoas homossexuais dentro da Igreja. No entanto, mostrou maior flexibilidade que Jorge Bergoglio em relação à missa em latim.
Considerado um dos “papáveis” – favoritos para suceder o papa argentino – pela imprensa, compete, no entanto, com vários compatriotas, entre eles Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa.
Nascido em 11 de outubro de 1955 em Roma, filho de um jornalista católico e o quinto de seis irmãos, trabalhou em várias paróquias da capital italiana antes de ser nomeado arcebispo de Bolonha em 2015.
Há mais de 30 anos realiza discretamente missões de mediação política, de Cuba ao Kosovo, passando por Burundi, Moçambique e Ucrânia.
À frente de uma missão impulsionada pelo papa Francisco em 2023, visitou sucessivamente Kiev, Moscou, Washington e Pequim.
Comprometido no processo de paz no Burundi junto a Nelson Mandela, também participou, junto ao fundador da Comunidade de Sant’Egidio, Andrea Riccardi, nas negociações sobre Moçambique que foram realizadas durante dois anos em Roma e que terminaram em outubro de 1992 com a assinatura de um acordo de paz.
Licenciado em história, literatura e filosofia, também é membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral – organismo vaticano encarregado de questões como a migração e a pobreza – assim como da Administração do Patrimônio da Sede Apostólica, que gere os bens do Vaticano.
“A Igreja não é uma comunidade de pessoas perfeitas. Está composta por homens, e os homens são pecadores”, declarou à La Repubblica quando foi consultado sobre os diversos escândalos que sacudiram o Vaticano.
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