Uma nova onda de ataques jihadistas no nordeste da Nigéria tem levantado temores sobre a possibilidade de um ressurgimento em larga escala dos grupos Boko Haram e ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental). O uso de drones armados e explosivos plantados em estradas movimentadas indica que os insurgentes adotaram tecnologias mais sofisticadas, segundo especialistas em segurança citados pela agência Reuters.
Pelo menos 22 pessoas morreram em ataques realizados no fim de semana nos estados de Adamawa e Borno. Outros 26 civis foram mortos na segunda-feira (28) após a explosão de um artefato em dois veículos em Borno, epicentro da insurgência jihadista há mais de 15 anos. Desde janeiro, dezenas de mortes adicionais foram registradas em uma série de atentados na região.

O governador de Borno, Babagana Zulum, alertou que os militantes estão avançando enquanto a resposta militar permanece limitada. “Os militantes estão se reorganizando na região do Lago Chade e nas colinas de Sambisa, próximas à fronteira com Camarões”, afirmou Zulum na última sexta-feira.
A trégua recente entre Boko Haram e ISWAP, grupos que vinham disputando o controle local desde 2016, também foi apontada como um fator que favoreceu o aumento dos ataques. “Eles estão menos ocupados lutando entre si e têm mais tempo para realizar atentados”, explicou Vincent Foucher, pesquisador do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica.
A utilização de drones em um ataque contra uma base militar próxima à fronteira camaronesa no mês passado, que matou vários soldados, chamou atenção de analistas. “Ambos os grupos mostraram que agora possuem tecnologias sofisticadas”, afirmou James Barnett, pesquisador do Hudson Institute.
Segundo Malik Samuel, analista do think-tank Good Governance Africa, a estratégia atual dos jihadistas reflete momentos anteriores do conflito, quando os insurgentes preferiam levar a guerra às tropas em vez de apenas reagir a operações militares.
Foucher destaca outro importante motivo para preocupação, com a suspeita de que conselheiros do Estado Islâmico (EI) estariam auxiliando o ISWAP no campo de batalha. “Eles podem melhorar as táticas, e vimos o uso de drones, explosivos e ataques de grande escala. Isso pode ser interpretado como um impacto do aconselhamento do Estado Islâmico”.
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