Três crianças indígenas Warao morreram por causas evitáveis em 2025, na Paraíba


Outro indígena adulto morreu no mesmo período em decorrência de complicações oncológicas. Abrigo em que os indígenas da etnia warao vivem atualmente
Reprodução/TV Cabo Branco
Três crianças Warao, etnia indígena de origem venezuelana, morreram por causas evitáveis entre janeiro e abril de 2025, em João Pessoa. Também foi registrada a morte de um adulto por complicações oncológicas no mesmo período. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde da Paraíba (SES-PB).
De acordo com a SES, as causas da morte dos óbitos registrados no período variam:
Óbitos de indígenas Warao de janeiro a abril de 2025
O acompanhamento da saúde dos indígenas é feito por uma equipe de visitas aos abrigos do município de João Pessoa, o Núcleo de Atenção ao Indígena no Espaço Urbano (NAIURB), com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo a secretaria, a população atual da etnia ultrapassa 700 pessoas, entre crianças, adultos, idosos, gestantes e puérperas, na Paraíba. O órgão afirmou que, devido à diversidade cultural, há dificuldades na atualização de cadernetas de vacinação, pré-natal, entre outros tratamentos, como o de pacientes oncológicos.
A SES também afirma que os cuidados assistenciais são realizados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano, com acompanhamento por meio de antropólogos e equipes que intermediam a interlocução com os entes de saúde.
O órgão também destaca que, dentro das ações multidisciplinares desenvolvidas em parcerias com outros órgãos, está a manutenção de ações educativas para integração social e acompanhamento de saúde dos sete abrigos e treze referências (caciques) na capital paraibana.
Mortes de crianças warao registradas em 2025
O caso mais recente envolve a morte de um bebê de um ano e dois meses, ocorrida nesta segunda-feira (28), após internação com sinais de desnutrição, lesões corporais e infecção generalizada. A criança morava no abrigo Vila do Lula, no bairro do Roger.
O bebê foi levado ao Hospital Arlinda Marques na noite de domingo (27), mas não resistiu e faleceu no dia seguinte. A mãe relatou que a criança havia recebido apenas uma dose de vacina, o que indica um grave atraso vacinal.
A necropsia realizada no Instituto de Medicina Legal (IML) também confirmou sinais de negligência e maus-tratos. Segundo o laudo, o corpo apresentava queimaduras e infecções causadas por fungos. A causa da morte foi uma infecção generalizada. A Polícia Civil irá investigar o caso.
Em março de 2025, uma bebê indígena de dois meses de vida, também da etnia warao, morreu apresentando um quadro grave de infecção generalizada e lesões na pele. A princípio, a Secretaria de Estado da Saúde investigava como um caso de meningite, mas a suspeita não foi confirmada.
Surto de leptospirose em abrigo de João Pessoa
Indígenas denunciam que fossa entupida no abrigo estaria relacionada a casos de doenças recentes
Reprodução/TV Cabo Branco
Um abrigo de indígenas venezuelanos da etnia warao, localizado no Centro de João Pessoa, também está sob suspeita de um surto de leptospirose. A denúncia partiu dos próprios moradores do abrigo, que relatam condições sanitárias extremamente precárias, superlotação e casos crescentes de doenças infecciosas.
Desse quantitativo, oito casos de leptospirose e três de dengue foram confirmados. O Departamento Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados também informou que as três crianças que positivaram para leptospirose concluíram o tratamento.
De acordo com o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), responsável pelo abrigo, disse que o local originalmente comportaria cerca de 50 pessoas, atualmente abriga quase o dobro desse número. A superlotação tem sido apontada por representantes da Pastoral Warao como um fator que agrava a situação sanitária e aumenta a vulnerabilidade do grupo a doenças infecciosas.
Situação do abrigo de indígenas venezuelanos da etnia warao
Reprodução/TV Cabo Branco
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