Dono do quinto maior orçamento do governo Lula, Múcio pede mais verba para Defesa

O ministro da Defesa, José Múcio, usou sua participação em um almoço com empresários promovido pelo grupo Lide, em São Paulo, como plataforma para defender que mais recursos públicos sejam destinados às Forças Armadas.

“Só dois países importantes não investiram em Defesa nesses últimos anos: o Irã e, por incrível que pareça, nós (…) somos o quinto país da América do Sul [proporcionalmente] em investimento na Defesa“, afirmou o ministro de Lula (PT) nesta segunda-feira, 5, para a plateia reunida por João Doria, ex-governador do estado.

A pasta, vale lembrar, tem o quinto maior orçamento do governo federal — R$ 133,3 bilhões, conforme o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025.

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Os brasileiros não sabem o quanto devem [às Forças Armadas]“, acrescentou Múcio, antes de avaliar que o aumento das verbas militares é uma tendência global e exaltar a atuação de seus comandados na resposta a tragédias nacionais e na proteção das fronteiras.

O discurso foi corroborado pelas falas do almirante Marcos Olsen, comandante da Marinha, do brigadeiro Marcelo Damasceno, da Aeronáutica, e pelo general Richard Nunes, chefe do Estado Maior do Exército. Em linhas gerais, o trio afirmou que os fardados fazem “muito com pouco” e faltam recursos para adquirir aeronaves, navios e outros equipamentos essenciais ao trabalho das Forças.

Para atender à demanda, o ministro e os comandantes defenderam a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Previsibilidade Orçamentária, projeto de autoria do senador Carlos Portinho (PL-RJ) que prevê a destinação anual 2% ou mais do valor apurado do PIB (Produto Interno Bruto) do ano anterior para a Defesa — atualmente, o caixa está na casa de 1,1% do PIB.

A fixação do valor é um instrumento para que o setor não dependa do ocupante da vez do Palácio do Planalto, assim como ocorre em outras pastas. “O problema é que Defesa não dá voto. Se tirar dinheiro da Saúde ou da Educação, vai ter gente para gritar. Com a Defesa, não“, disse Múcio.

Dono do quinto maior orçamento do governo Lula, Múcio pede mais verba para Defesa

Brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica, discursa para empresários em São Paulo

A relação entre o governo Lula e a caserna, no entanto, não aponta neste sentido. Embora o presidente faça gestos públicos aos fardados desde que tomou posse no cargo — o que quase não aconteceu, segundo apurações da Polícia Federal, por uma tentativa de golpe de Estado que teve a participação de 24 oficiais do Exército e da Marinha –, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, incluiu benefícios dos militares em um pacote de redução dos gastos federais. A Marinha chegou a reagir à proposta com um vídeo crítico, que depois foi excluído.

Questionado sobre a possibilidade de aprovação da PEC ainda no mandato do petista, Múcio foi evasivo: “Peço a Deus todo dia“.

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