O grupo Hamas afirmou nesta terça-feira (6) que não vê “nenhum sentido” em continuar as negociações para um novo cessar-fogo na Faixa de Gaza, após Israel aprovar uma ofensiva militar ampliada que poderá incluir a ocupação integral e indefinida do território palestino. A declaração foi feita por Bassem Naim, alto representante político do grupo, à BBC.
Naim afirmou que a milícia islâmica não aceitará discutir novas propostas enquanto persistir o que chamou de “guerra de fome” conduzida por Israel. As declarações vêm um dia após as Forças de Defesa de Israel anunciarem que o objetivo da operação militar em larga escala é recuperar os reféns ainda mantidos em Gaza e garantir a “derrota decisiva” do Hamas.
Autoridades israelenses disseram que a ofensiva incluirá a captura de Gaza, o deslocamento da maior parte da população local e o controle direto sobre a entrada de ajuda humanitária. O bloqueio total de alimentos, medicamentos e outros suprimentos, imposto desde 2 de março, já provocou escassez grave, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a ampliação das operações terrestres israelenses e uma ocupação prolongada resultarão “inevitavelmente em mais civis mortos e na destruição contínua de Gaza”. A ofensiva, no entanto, não deve começar antes da visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à região na próxima semana, o que, segundo Israel, abriria uma “janela de oportunidade” para um possível acordo.
Em Washington, Trump prometeu ajuda alimentar à população palestina, embora sem detalhar o plano. “As pessoas estão passando fome e vamos ajudá-las a conseguir comida. Muita gente está tornando a situação muito, muito ruim”, afirmou. “O Hamas está tornando tudo impossível porque estão pegando tudo que é levado para lá.”
Enquanto isso, organizações humanitárias alertam que, sem mudanças imediatas, a fome em massa se tornará inevitável. As agências também rejeitaram a proposta israelense de distribuição de ajuda por meio de empresas privadas em centros militares, classificando a medida como violação dos princípios humanitários básicos.
Desde o ataque de 7 de outubro de 2023, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 feitas reféns por militantes do Hamas, a resposta militar de Israel já deixou ao menos 52.567 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo grupo. Desses, 2.459 morreram desde a retomada da ofensiva, há duas semanas.
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