O Bradesco agradou analistas com o resultado do primeiro trimestre, com o lucro de R$ 5,86 bilhões superando previsões do mercado, assim como o índice de rentabilidade ROAE de 14,4%, fazendo as ações dispararem 15%.
“Os dias de cão acabaram?”, escreveu a equipe do Citi no título do relatório sobre os números, ainda na véspera, poucas horas após a divulgação do balanço, que considerou positivo.
“Ao contrário dos trimestres anteriores, este é talvez o primeiro trimestre em que a tendência de receita orgânica sugere uma melhora estrutural, sem saltos relevantes em nenhuma das linhas restantes”, afirmaram Gustavo Schroden e equipe.
Os analistas do Citi ponderaram que o Bradesco continua com desafios pela frente, já que as receitas e despesas não decorrentes de juros devem continuar pressionando os resultados.
“Mas reconhecemos que os esforços do banco estão começando a dar frutos com um perfil de risco mais equilibrado”, afirmaram.
“No geral, uma leitura construtiva para a recuperação e credibilidade do Bradesco”, acrescentaram.
Por volta de 10h35, as preferenciais do banco disparavam 13,5%, a R$ 14,8, entre os melhores desempenhos do Ibovespa, que subia quase 2%. Na máxima, as PNs chegaram a R$14,99 (+14,95%).
As ações ordinárias saltavam 13%.
Desde que assumiu a presidência-executiva do Bradesco no final de 2023, Marcelo Noronha tem comandado um “plano de transformação” no banco, prometendo entregar um grupo cada vez mais competitivo, em um ritmo “step by step”.
Em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira (08), sobre os números dos primeiros meses, Noronha, afirmou que está mais otimista em relação ao resultado que o banco pode entregar este ano, apesar de desafios no horizonte, como o nível de taxa de juros.
“De modo geria geral, (o balanço do primeiro trimestre) é um início positivo em relação à projeção para o ano fiscal, com aparente recorrência”, afirmaram os analistas do Itaú BBA liderados por Pedro Leduc.
Um dos principais focos de atenções de analistas tem sido direcionado para o retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE), que tem mostrado melhora gradual desde o ano passado, após chegar a 6,9% no quarto trimestre de 2023.
Em meio à avaliação de que o ROAE segue distante do potencial, bem como abaixo do custo de capital próprio (CoE), analistas também veem tendências benignas, como a qualidade dos ativos sob controle e a melhora nos níveis de capital.
No primeiro trimestre, o capital nível 1 ficou em 13%, com crescimento de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro de 2024, enquanto o índice de capital principal aumentou de 10,5% para 11,1% neste trimestre.
A equipe de analistas JPMorgan também destacou positivamente o comportamento da margem financeira (+13,7% ano a ano), além de “forte crescimento no crédito (+12,9%) e despesas gerais e administra abaixo das projeções (+3,7%), entre outros pontos.
“Tendências melhores em geral”, afirmaram Yuri Fernandes e equipe em relatório, chamando a atenção, para dados de captação, principalmente na linha de recursos de clientes, que recuou 1,3% na base trimestre e subiu “apenas” 3,9% ano a ano.
Os analistas do JPMorgan escreveram que o dado ficou “bem abaixo do crescimento do crédito” e que querem entender melhor o declínio nos depósitos à vista – de 25,5% em relação ao quarto trimestre ao ano passado e de 18,9% em 12 meses.
Aos jornalistas, Noronha explicou que esse comportamento refletiu o movimento de migração dos recursos para conta remunerada.
“Isso é transferido para lá, porque é mais rentável para o cliente, mais rentável para o banco”, acrescentou.
Apesar dos números do primeiro trimestre mais fortes do que o esperado por analistas, o Bradesco manteve projeções para 2025, afirmando que o crescimento das receitas será a principal razão de melhora da nossa rentabilidade no ano.
Noronha adiantou, contudo, que a performance do crédito do banco deve ficar mais perto da “banda de cima” das previsões para 2025.
No guidance divulgado mais cedo neste ano, o Bradesco estimou alta de 4% a 8% na carteira de crédito expandida. No primeiro trimestre, essa linha mostrou expansão de 12,9%.
“Acreditamos que o banco provavelmente se aproximará do limite superior de suas projeções”, afirmaram analistas do BTG Pactual na véspera, já esperando uma reação positiva das ações nesta sessão, principalmente após o desempenho recente fraco.
Na véspera, as ações preferenciais do banco fecharam em queda de 1,5%, no quarto pregão seguido negativo, período em que acumulou um declínio de 4,9%.
O rival Itaú Unibanco, que divulga seu balanço do primeiro trimestre após o fechamento nesta quinta-feira (08), terminou a quarta-feira com elevação de 1,1% nas PNs, somando uma perda de 1,5% nas últimas quatro sessões.
A equipe do BTG Pactual ressaltou, contudo, que o Bradesco está passando por uma transformação significativa, e, dado o tamanho e a complexidade do banco, é provável que este seja um processo gradual de longo prazo.
“Como tal, tirar conclusões fortes com base em um único trimestre pode ser enganoso – algo que vimos acontecer mais de uma vez nos últimos anos”, ponderaram Eduardo Rosman e equipe, reiterando recomendação neutra para as ações.
JPMorgan e Citi também mantiveram suas classificações neutra e neutra/alto risco para os papéis.
O Bradesco ainda anunciou renovação em seu programa de recompra de ações, com validade de 18 meses, e meta de aquisição de até 106.584.881 papéis.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Bradesco agrada no 1º tri e ação dispara 15% no site CNN Brasil.