Índia e Paquistão acusam um ao outro de ataques com drones

Índia e Paquistão, duas potências nucleares, acusaram uma à outra de lançar ataques de drones contra seus territórios nesta quinta-feira (8), aumentando a preocupação da comunidade internacional, que pede a redução das tensões nesta região. Os confrontos ocorrem duas semanas após Nova Délhi acusar Islamabad pelo atentado em Pahalgam, na parte de Caxemira administrada pela Índia, que matou 26 pessoas. O Paquistão nega estar por trás do ataque. A Caxemira é uma região de maioria muçulmana dividida entre os dois países desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947, e é palco de uma insurgência de rebeldes que pedem independência ou anexação ao Paquistão. A Índia, que acusa o Paquistão de apoiar estes grupos insurgentes, ameaçou com uma ação militar que se concretizou na quarta-feira.

Seu exército disse ter destruído “campos terroristas” no país vizinho com “ataques aéreos de precisão” na Caxemira e na região fronteiriça de Punjab, onde vivem mais da metade dos 240 milhões de habitantes do Paquistão. Islamabad, por sua vez, respondeu com ataques de artilharia e seu primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, prometeu represálias. Pelo menos 48 pessoas morreram nos dois lados da fronteira após os ataques de quarta-feira: 32 do lado paquistanês, incluindo crianças, e 16 do lado indiano.

O exército do Paquistão afirmou que derrubou 28 drones indianos e Nova Délhi acusou Islamabad de lançar ataques noturnos com “drones e mísseis”. As autoridades indianas também indicaram ter destruído um sistema de defesa aérea em Lahore, a capital de Punjab. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, instou ambos os países a reduzirem as tensões e iniciarem um diálogo, e exortou Islamabad a pôr fim a qualquer apoio a “grupos terroristas”.

Explosões

O aeroporto da cidade de Jammu, na Caxemira indiana, registrou fortes explosões, informou uma fonte de segurança à AFP, sob condição de anonimato. Shesh Paul Vaid, ex-diretor geral da polícia de Jammu e Caxemira, escreveu também em redes sociais que ocorreram “fortes explosões” no local. Índia e Paquistão travaram múltiplas guerras desde a partição e independência dos domínios britânicos no subcontinente indiano. O exército do Paquistão afirmou nesta quinta-feira, em um comunicado, que derrubou 28 dos 29 drones Harop de fabricação israelense lançados pela Índia em vários pontos do país.

“Durante a noite, a Índia executou outro ato de agressão ao enviar drones para vários locais”, declarou o porta-voz militar paquistanês, Ahmed Sharif Chaudhry, em um quartel militar em Rawalpindi. Os habitantes de Lahore disseram ter ouvido explosões, e as autoridades de aviação suspenderam brevemente as operações no principal aeroporto da cidade e na capital, Islamabad. O aeroporto de Karachi, a cidade mais populosa do país, permaneceu fechado na noite de quinta-feira.

O ministro indiano das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, alertou que qualquer ataque do Paquistão provocaria uma “resposta muito firme” de Nova Délhi.

Apelos por moderação

Após os bombardeios da Índia na quarta-feira, os exércitos iniciaram um fogo cruzado ao longo da fronteira na Caxemira que, segundo as Forças Armadas indianas, prosseguiu nesta quinta. “O Exército paquistanês efetuou disparos não provocados com armas pequenas e artilharia, aos quais o Exército indiano respondeu de forma proporcional”, indicou um comunicado militar de Nova Délhi. As Forças Armadas do Paquistão reivindicaram na véspera a derrubada de cinco caças de combate indianos na parte da Caxemira administrada por Nova Délhi. As autoridades indianas não confirmaram oficialmente as perdas.

O bombardeio mais letal da aviação indiana atingiu um centro de estudos islâmicos perto da cidade de Bahawalpur, na região de Punjab. Segundo o exército paquistanês, 13 pessoas morreram no local. A Índia vincula o atentado de 22 de abril ao grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), radicado no Paquistão. O grupo, designado como terrorista pela ONU, é suspeito de ter executado os atentados de 2008 em Mumbai que deixaram 166 mortos.

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“O mundo não pode se permitir um confronto militar entre Índia e Paquistão”, alertou na quarta-feira Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres. O secretário britânico de Comércio, Jonathan Reynolds, ofereceu a mediação de seu país para apoiar uma aproximação entre os dois países. Estados Unidos, UE, Rússia e França também fizeram apelos por moderação. “Quero que as hostilidades parem”, declarou na quarta o presidente americano Donald Trump.

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