
Veículo onde estava Welington de Souza Lima, 47 anos, foi alvejado com 79 tiros por três homens; quatro suspeitos do crime estão presos e um ainda está foragido. Mando do crime foi feito de um presídio. Polícia prende executores que dispararam 79 tiros contra a vítima durante emboscada no ES
Quatro pessoas foram presas por envolvimento na morte de Welington de Souza Lima, de 47 anos, no dia 6 de março de 2024, na Serra, na Grande Vitória. Ele foi executado com 27 tiros, mas os suspeitos dispararam 79 vezes contra o veículo em que estava a vítima durante uma emboscada. A motivação é a guerra do tráfico e briga grupos entre rivais, segundo a polícia.
No dia do crime, Welington estava de saída temporária do presídio e pediu para que um motorista de aplicativo de sua confiança fosse buscá-lo. O que ele não sabia era que o condutor havia recebido R$ 35 mil para levá-lo até o local exato onde seria morto. Imagens de câmera de segurança registraram o momento dos disparos (assista acima).
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Segundo o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori, a ordem para a execução foi dada por videochamada realizada dentro da Penitenciária Gabriel Ferreira de Castilho, em Bangu 3, no Rio de Janeiro.
O mandante do crime é Tobias Claudino Nascimento. Segundo as investigações, ele viu na morte do rival uma oportunidade de vingança e demonstração de poder.
Lucas Ribeiro Laubach (foragido), Luís Felipe Souza Machado, Diogo Amaral, Ruan de Freitas Camargo Cruz e Tobias Claudino Nascimento (mandante): envolvidos na execução de Welington de Souza Lima, 47 anos, na Serra, Espírito Santo
Divulgação/Polícia Civil
Os envolvidos no crime são:
Tobias Claudino Nascimento (mandante do crime): está preso na Penitenciária Gabriel Ferreira de Castilho, em Bangu 3, no Rio de Janeiro, e têm passagens por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, tráfico e associação ao tráfico de drogas.
Ruan de Freitas Camargo Cruz (executor): tem passagens por tentativa de homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo. Preso em agosto de 2024.
Diogo Amaral (executor): tem passagens por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo. Preso em dezembro de 2024.
Luís Felipe Souza Machado (motorista de aplicativo): é membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo. Já foi preso por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo. Veio para o Espírito Santo e começou a trabalhar como motorista particular e realizar viagens para traficantes da Serra. Recebeu R$ 35 mil pelo crime. Ele foi preso no dia 21 de março em São José de Campos, município paulista.
Lucas Ribeiro Laubach (executor): está foragido. Tem dois mandados de prisão em aberto por homicídios na Serra.
Motorista do carro dos criminosos: ainda não identificado.
Tobias Claudino Nascimento (mandante) e Ruan de Freitas Camargo Cruz, Lucas Ribeiro Laubach e Diogo Amaral (executores): homem é morto com 27 tiros na Serra, Espírito Santo
Divulgação/Polícia Civil
Briga e morte
O chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori, explicou ainda que Welington e Tobias iniciaram juntos no tráfico de drogas no bairro Serra Dourada 2, no começo dos anos 2000. Em 2006, os dois tiveram uma briga, e a vítima foi para o tráfico de Serra Dourada 3, um grupo rival. Desde então, existia uma rixa entre eles.
Em 2018, Welington tomou o controle do crime da Rua Gardênia, que fica em Serra Dourada 2, o que intensificou a briga entre eles. No final de 2019, a vítima, que tinha condenações por homicídio, tráfico de drogas, roubo a banco e porte ilegal de arma de fogo, foi presa.
Mesmo com o chefe do tráfico de Serra Dourada 3 na cadeia, a guerra entre os bairros seguiu. Até que Tobias foi procurado por um ex-aliado de Welington: Ruan de Freitas Camargo Cruz.
Expulso de Serra Dourada 3, o homem procurou Tobias, que já estava preso em Bangu 3, no Rio de Janeiro, pedindo ajuda para tomar o tráfico do bairro. Tobias, então, pediu uma “demonstração de lealdade”. Juan teria que planejar e executar o antigo chefe.
Polícia prende executores que dispararam 79 tiros contra rival do tráfico em emboscada na Serra, Espírito Santo
Reprodução
Planejamento
Para planejar a execução de Welington, Juan contou com Luiz Felipe, o motorista de aplicativo que também fazia corridas particulares para traficantes.
A vítima já conhecia e confiava no motorista, pois, em sua primeira “saidinha” do presídio — em dezembro de 2023 — foi o homem que o buscou, com uma escolta, na Casa de Custódia de Vila Velha, e uma relação de confiança foi estabelecida entre os dois.
Na segunda “saidinha”, no dia do crime, Luiz Felipe foi sozinho buscar Welington, que questionou o porquê de não ter escolta.
Welington de Souza Lima, de 47 anos, foi morto com 27 tiros a mando de ex-amigo e rival do tráfico na Serra, Espírito Santo
Divulgação/Polícia Civil
“Luiz Felipe disse para ele (Welington) que teria ido por conta própria, que ninguém estava sabendo, que não resolveram mandar escolta para ele. E como ele confiava muito no Luiz Felipe, aceitou a corrida”, disse o delegado.
Participaram da execução Diogo Amaral — homem de confiança de Tobias e braço armado do tráfico, Lucas e o próprio Juan. O motorista do carro que levou os criminosos não foi identificado.
A execução
Na manhã do dia do crime, os quatro suspeitos – Diogo, Lucas, Juan e o motorista ainda não identificado – saíram de Serra Dourada e foram em direção ao bairro Parque Residencial Laranjeiras.
As investigações apontaram que eles ficaram esperando o momento em que o carro de Welington passaria, e já tinha a informação de que a vítima estava a caminho da casa da ex-esposa para visitar o filho.
Conforme as imagens que registraram o assassinato, quando o veículo chega à Rua Miguel Ângelo, por volta das 11h55 de 6 de março de 2024, o Toyota em que estavam os criminosos fecha o Renault Sandero que levava Welington. Juan desce do carro, vai em direção ao banco do carona, onde dispara contra a vítima.
Quatro homens são presos por envolvimento em assassinato na Serra
Em seguida, os outros executores também descem. Simultaneamente, o motorista de aplicativo sai do carro e foge.
“Tanto o planejamento e a execução quanto o contato com o motorista foi o Juan quem fez. Ele que planejou e executou tudo. O Juan é o primeiro que desce do carona do veículo. Nas imagens, ele já desce atirando direto no carona, porque ele sabia onde a vítima encontrava-se naquele veículo”, explicou o delegado.
Foram 79 disparos, sendo que 27 tiros atingiram a vítima. “Nós conseguimos obter imagens ainda no local do crime, que nos ajudaram a identificar (suspeitos). Colhemos vários depoimentos, denúncias, foi um inquérito muito extenso. Depois dessas prisões também sanou a guerra do tráfico em Serra Dourada 2 e 3”, completou o delegado Rodrigo Sandi Mori.
Os quatro envolvidos no crime já presos foram indiciados por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e com emprego de arma de fogo de uso restrito.
Com informações de Jaciele Simoura.
Polícia prende executores que dispararam 79 tiros contra rival do tráfico em emboscada na Serra, Espírito Santo
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