Para a oposição no Congresso Nacional, a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de apontar que o esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou na gestão de Jair Bolsonaro (PL) serve apenas como “cortina de fumaça”, ou seja, uma forma de desviar o foco.
Líderes do grupo entendem que, se o governo acha que o esquema começou na gestão anterior, a base do presidente Lula poderia apoiar a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as irregularidades.
Neste sábado, Lula afirmou, durante viagem à Rússia, que o governo atual “desmontou” uma “quadrilha” no INSS que foi criada em 2019, sob a gestão Bolsonaro.
“Nós resolvemos desmontar uma quadrilha que foi criada em 2019. E vocês sabem quem governava o Brasil em 2019, quem era o ministro da Previdência em 2019, quem era o chefe da Casa Civil em 2019. A gente poderia ter feito um show de pirotecnia, mas a gente não quer uma manchete de jornal. A gente quer apurar. Aquelas entidades que roubaram vão ter seus bens congelados. Desses bens vamos repatriar para pagar as pessoas”, disse o presidente.
A oposição se articula para apresentar, na próxima semana, o pedido de criação de uma CPMI para investigar as fraudes. O principal foco da comissão seria apurar a atuação de associações suspeitas de descontar valores dos benefícios de aposentados e pensionistas sem autorização. Segundo parlamentares, milhões de segurados – principalmente nas regiões Norte e Nordeste – foram lesados por essas práticas.
“O Congresso não pode se calar diante de um escândalo dessa magnitude. Estamos falando de cerca de 4 milhões de idosos prejudicados”, afirmou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais articuladores da CPMI no Legislativo.
Deputados aliados do presidente Lula afirmam que, caso a CPMI seja instalada, a melhor estratégia seria incluir nos trabalhos possíveis irregularidades ocorridas durante o governo de Jair Bolsonaro.
O Palácio do Planalto segue se articulando para evitar a criação da comissão. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) é quem teria que ler o requerimento de abertura da CPMI. Alcolumbre está na viagem com o presidente Lula para Rússia e segue com o presidente petista, neste sábado, para a China.
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