Índia acusa Paquistão de violar cessar-fogo horas após sua entrada em vigor

A Índia acusou o Paquistão, neste sábado (10), de violar repetidamente o cessar-fogo apenas algumas horas depois que as duas potências nucleares concordaram em encerrar os combates dos últimos dias, que deixaram pelo menos 60 mortos.

O secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, denunciou “repetidas violações” do cessar-fogo e afirmou que suas forças armadas “estão dando uma resposta adequada e apropriada”.

O Paquistão, no entanto, disse, após as acusações indianas,que “continuava comprometido” com a trégua.

Horas antes, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia anunciado um cessar-fogo “total e imediato” entre os dois países, após vários dias de ataques mútuos com aviões de combate, mísseis, drones e artilharia.

Nova Délhi e Islamabad confirmaram a trégua minutos depois de Trump anunciá-la em sua rede, Truth Social.

“Após uma longa noite de diálogo mediado pelos Estados Unidos, tenho o prazer de anunciar que a Índia e o Paquistão concordaram com um CESSAR-FOGO TOTAL E IMEDIATO”, escreveu o presidente americano.

A escalada entre as duas potências nucleares provocava o medo de uma guerra aberta.

No entanto, horas depois, jornalistas da AFP em Srinagar, na Caxemira administrada pela Índia, registraram uma série de fortes explosões.

“O que diabos aconteceu com o cessar-fogo? Explosões estão sendo ouvidas por toda Srinagar!!!”, disse o ministro-chefe de Jammu e Caxemira, Omar Abdullah, na rede X.

– Ataques e contra-ataques –

O cessar-fogo foi selado após quatro dias de ataques e contra-ataques de ambos os lados, nos quais pelo menos 60 pessoas morreram ao longo da fronteira e na Caxemira dividida.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, comemorou o cessar-fogo e espera que esse “passo positivo” leve a uma “paz duradoura”, de acordo com seu porta-voz.

O conflito começou com o ataque de 22 de abril na Caxemira administrada pela Índia, que matou 26 turistas, a maioria homens hindus, em um ataque que a Índia atribui ao Paquistão.

A Índia acusa o grupo Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão e considerado um grupo “terrorista” pela ONU, de ser responsável, algo que Islamabad nega.

Os grupos armados que operam na Caxemira intensificaram suas atividades desde 2019, quando o governo nacionalista hindu do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, revogou sua autonomia limitada e colocou o estado sob controle direto de Nova Délhi.

Desde que ambos os países conquistaram a independência do domínio britânico, em 1947, travaram diversas guerras pelo controle total da região.

– “Passo positivo” –

“O cessar-fogo é um passo positivo”, disse Bilal Shabbir, consultor de informática de Muzaffarabad, na Caxemira administrada pelo Paquistão.

“Na guerra, não são apenas os soldados que morrem, mas especialmente os civis, e neste caso, teria sido o povo da Caxemira”, acrescentou.

Em Srinagar, Sukesh Khajuria foi mais cauteloso. “O cessar-fogo é bem-vindo, mas é difícil confiar no Paquistão. Temos que estar vigilantes”, disse ele.

Ambos os lados pagarão um alto preço econômico pelo conflito.

Fontes militares paquistanesas disseram que suas forças derrubaram pelo menos 77 drones de alta tecnologia fabricados em Israel, enquanto as autoridades indianas disseram que destruíram centenas de drones paquistaneses, muitos deles de fabricação turca.

O Paquistão também afirma ter derrubado cinco caças indianos – incluindo três caças franceses Rafale – embora Nova Délhi não tenha confirmado nenhuma perda.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o cessar-fogo ocorreu depois que ele e o vice-presidente americano, JD Vance, se encontraram com altos funcionários de ambos os lados.

“Tenho o prazer de anunciar que os governos da Índia e do Paquistão concordaram com um cessar-fogo imediato e em iniciar negociações sobre uma ampla gama de questões em um local neutro”, escreveu no X.

A notícia da trégua foi comemorada no Reino Unido, ex-potência colonial no subcontinente indiano e lar de uma enorme diáspora de ambos os países.

“O cessar-fogo de hoje entre a Índia e o Paquistão é muito bem-vindo”, escreveu o ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, no X. “Peço a ambas as partes que o mantenham. A redução da tensão é do interesse de todos”, acrescentou.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baqaei, pediu que ambos os países aproveitem “esta oportunidade para garantir uma redução nas tensões e uma paz duradoura na região”.

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